Aline Ferreira com seu cabelo de luta e os cachos dos dias normais
23/10/2011 - 07h00
Após prata no Pan, Aline Ferreira encara maratona de 2h embelezar os cabelos
Bruno Doro Em Guadalajara (México)
Quem olha a foto de Aline Ferreira no site do Time Brasil não tem dúvidas: cabelo é algo importante para a lutadora. E, após conquistar a medalha de prata na categoria até 72 kg da luta livre, ela enfrentou uma verdadeira maratona para voltar a exibir os cabelos cacheados.
“FILA TEM DE REVER CONCEITO DE ARBITRAGEM DEPOIS DO PAN”
Presidente da CBLA, Pedro Gama Filho reclamou muito dos problemas que as brasileiras enfrentaram no sábado, no único dia da luta feminina no Pan-11. Primeiro, Joice Silva perdeu duas vezes para a mesma rival, após erros da cronometragem, dos juízes e da organização. Depois, foi a vez de Aline Ferreira ser prejudicada na final: no primeiro round, o placar mudou algumas vezes antes da definição da vitória da cubana Lisset Hechevarria.
“O que aconteceu nas duas lutas mostra que a Fila (Federação Internacional de Lutas) precisa rever, urgentemente, o conceito de arbitragem em torneios como esse. Eu perdi um ouro por cauda disso. E a minha avaliação de desempenho depende de medalhas”, afirmou o dirigente.
“Eu faço as trancinhas para competir e já peguei o jeito. Todo o processo dura cerca de 15 minutos. O problema é para tirar. Eu perco uma hora e meia, duas horas toda vez. Eu lavo o cabelo, passo cremes, faço tudo o que posso para o cabelo continuar bonito”, explica a nova vice-campeã pan-americana.
E todo o cuidado com as madeixas é profissional. Ela acabou de se formar esteticista e, além do cabelo, trata com cuidado da pele e das unhas. “Eu só não fiz as unhas hoje porque se você tira um bife, o dedo fica sensível e pode sangrar durante a luta, Mas depois, vou fazer”.
Para isso, ela carrega com uma mala praticamente cheia de produtos de beleza. “Todo o pessoal já sabe como eu sou. Sempre estouro o limite de bagagem com os produtos. Sempre que viajamos, eu vou distribuindo as mochilinhas”, conta.
O ar descontraído, porém, esconde a maior atleta de luta olímpica que o Brasil já formou. Ex-judoca, ela chegou à luta graças a um namorado. “Ele era da luta e ia disputar o Campeonato Brasileiro. Toda a turminha ia competir e me chamaram. Eu ganhei o campeonato só usando golpes de judô. Aí, ganhei o status de campeã brasileira. E não deixei mais a luta”.
Hoje, ela treina em São Paulo, mas deve ganhar, nos próximos meses, um estágio na Bulgária, com a atual campeã mundial Stanka Zlateva. E o treino fora do país será mais do que bem-vindo. No Brasil, ela não tem parceira de treinamento em seu peso ou nível técnico.