Aline Ferreira morde a medalha conquistada na categoria até 72 kg da luta olímpica
22/10/2011 - 22h38
Brasileira supera 'doença de Ronaldo', é prata e iguala melhor resultado da luta no Pan
Bruno Doro Em Guadalajara (México)
Há dois anos, Aline Ferreira tentava, tentava e não conseguia ganhar peso. Após uma consulta no médico, o diagnóstico: problema na glândula tireoide, o mesmo distúrbio citado como uma das razões para o atacante Ronaldo deixar o futebol. Sabendo do problema, a atleta iniciou o tratamento e, menos de um ano depois, conseguiu a medalha de prata dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara.
Na noite deste sábado, ela foi derrotada pela cubana Lisset Hechevarria, na categoria até 72kg, e acabou no segundo lugar, em uma luta bastante confusa e com alguns erros da arbitragem na marcação dos pontos, o que gerou reclamação da lutadora brasileira e de sua comissão técnica.
O resultado de Aline é o melhor da história da luta feminina em Pans e iguala o desempenho masculino. Os homens têm quatro medalhas de prata: Anthenor Silva (estilo livre até 87 kg, em 1951), Roberto Leitão (estilo livre até 90 kg, em 1987), Antoine Jaoude (estilo livre, em Santo Domingo-2003), e Luiz Fernandes (greco-romana até 96 kg, em 2007).
Neste sábado, ela perdeu para a cubana Lisset Hechevarria na decisão da categoria 72 kg e conquistou a primeira medalha de prata da luta olímpica feminina do país em Jogos Pan-Americanos. A conquista veio após duas vitórias em um sábado em que nada parecia dar errado para a brasileira.
Na estreia, venceu a panamenha Ashley Zarate ainda no primeiro assalto. Na segunda luta, fez dois rounds contra Elsa Sanchez e também venceu por 5 a 0. “Só senti um pouco esse ar seco. Está tão ruim que meu nariz até começou a sangrar durante a luta”, conta a atleta.
Na final, a rival era uma pedra no sapato da brasileira. “Eu já tinha perdido para ela duas vezes. Eu sou mais técnica, mas ela é mais forte e sabe usar isso”, conta a lutadora.
Aline trata o distúrbio na glândula tiroide desde o início do ano. Seu problema é no mesmo local, mas com efeito oposto ao de Ronaldo. Se o Fenômeno sofre para perder peso, o problema de Aline era ganhar. Alterações em sua tireoide fizeram com que seu metabolismo ficasse acelerado, impedindo ganho muscular. Com o jogador de futebol, o metabolismo diminuiu e ele não conseguia queimar gordura.
Com o tratamento, Aline ganhou oito quilos de músculos. “Hoje eu estou com 80 kg e, quando começo a fazer dieta para a competição, perco esses oito quilos com facilidade. Antes, eu ficava entre 71 e 72. Estava competindo com um peso muito abaixo da categoria”, lembra. “Foi bom ter descoberto esse problema. Sei que vou ter de tratar pela vida inteira, mas pelo menos é algo controlável”.