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Argentina

Pan potencializa rivalidade argentina com o Brasil

Arte UOL

Com nome originário da palavra latina argentum (prata), a Argentina ficou no segundo lugar em duelo particular com o Brasil nas duas últimas edições dos Jogos Pan-Americanos. Com os argentinos deixados para trás desde Winnipeg-99, o Canadá tornou-se a nação a ser batida pelos brasileiros, no quadro de medalhas.

Historicamente, contudo, os platinos têm mais condecorações em Pans -e nem com um desempenho magnífico no Rio-2007 os brasileiros passarão seus vizinhos.

A já tradicional rivalidade Brasil e Argentina não diminui. Pelo contrário, nos Jogos, ela tem a chance de se manifestar em outros campos, além do futebol. Como o handebol, que em Santo Domingo teve vitória brasileira nas finais masculina e feminina.

O caso mais interessante, contudo, foi o do hipismo. O Brasil levou o bronze por equipe com o descarte do pior resultado, deixando a Argentina em quarto lugar. Porém, para efeito de classificação olímpica, o descarte não era considerado, e assim, o time argentino ficou com a vaga. O direito de disputar as Olimpíadas de Atenas-2004 foi assegurado pela equipe brasileira no tapetão. E a maior ironia: um brasileiro, Vítor Alves Teixeira, orientou os cavaleiros argentinos durante o Pan.

Segundo país da América do Sul em extensão, a Argentina tem o melhor IDH (índice de desenvolvimento humano) da região, deixando o Brasil bem atrás (36º a 69º). Mas a Argentina pode se gabar de já ter liderado o quadro de medalhas de uma edição do Pan-Americano: a primeira, em Buenos Aires-1951. O melhor resultado do Brasil foi o segundo lugar de 1963, em São Paulo.

Os Jogos de 1951 foram organizados ainda na ressaca dos prósperos anos que sucederam a Segunda Guerra Mundial. Com a Europa debilitada pela guerra, a Argentina tornou-se grande exportadora de carne e grãos e investiu na industrialização, mas não a ponto de consolidar o país como potência mundial.

Antes das crises econômicas sucessivas, a Argentina festejou o Pan, com vitórias em várias modalidades, incluindo o futebol. No total, os argentinos têm cinco ouros no futebol em Pans, contra quatro do Brasil. O mais recente ouro argentino nos gramados foi conquistado em Santo Domingo-2003, em uma vitória sobre o Brasil na decisão.

O futebol, contudo, não superou o desempenho argentino em outro esporte coletivo. O hóquei na grama já rendeu sete medalhas de ouro no masculino e cinco no feminino. “Las Leonas”, como são chamadas as atletas da seleção argentina, são uma das potências mundiais do esporte, com títulos da Copa do Mundo e medalhas olímpicas –prata em Sydney-2000 e bronze em Atenas-2004.

No basquete, a Argentina conseguiu o ouro apenas uma vez nos Jogos Pan-Americanos, em Mar del Plata-1995, no masculino. Em Santo Domingo-2003, a seleção argentina nem sequer subiu ao pódio. Mas depois do Pan, o time conseguiu a façanha de levar o ouro nas Olimpíadas de Atenas, passando pelos Estados Unidos na semifinal. O quarto lugar no Mundial do Japão, no ano passado, coloca o país entre os favoritos para a disputa no Rio de Janeiro.

A Argentina também costuma alcançar bons resultados em modalidades que distribuem muitas medalhas, como o remo e a canoagem. Nesta última modalidade, foram seis medalhas em 2003, mas vale uma ressalva: duas delas, de ouro, foram garantidas por Javier Correa, que se aposentou depois das Olimpíadas de Atenas, com um total de seis medalhas conquistadas em Pans. Seu irmão Miguel é uma das esperanças da nova geração argentina.

Duas outras modalidades que renderam medalhas para a Argentina em Santo Domingo deixaram de fazer parte do programa dos Jogos Pan-Americanos: pelota basca (quatro medalhas, sendo duas de ouro) e raquetebol (um bronze).

Poderia compensar no tênis, com seus excelentes jogadores, mas o país não costuma mandar sua melhor equipe para os Pan-Americanos. Então resta a natação, e, mais uma vez, a aposta é o veterano Jose Meolans – conhecido do público brasileiro por ter defendido clubes paulistas em competições nacionais.

Ele até abriu mão de disputar o Mundial de Esportes Aquáticos de Melbourne para se concentrar na sua preparação para o Pan. Mas seus duelos com brasileiros devem continuar. Em 2003, Meolans foi bronze nos 50 m livre, prova vencida por Fernando Scherer. Levou o ouro nos 100 m livre, que agora tem o brasileiro César Cielo como recordista sul-americano. Meolans conquistou ainda a prata nos 100 m borboleta, que tem como destaque brasileiro o recordista mundial em piscina curta Kaio Márcio Almeida.

Quadro de medalhas da Argentina

Países OuroOuro PrataPrata BronzeBronze Total
1951 Buenos Aires 68 44 38 150
1955 Cidade do México 27 31 15 73
1959 Chicago 9 19 11 39
1963 São Paulo 8 15 16 39
1967 Winnipeg 8 14 12 34
1971 Cáli 6 4 12 34
1975 Cidade do México 3 5 7 15
1979 San Juan 12 7 17 36
1983 Caracas 2 11 22 35
1987 Indianápolis 12 14 22 48
1991 Havana 11 15 29 55
1995 Mar del Plata 40 45 74 159
1999 Winnipeg 25 19 28 72
2003 Santo Domingo 16 20 27 63
TOTAL DE MEDALHAS 247 263 330 840