No banco de reservas, Iziane lamenta derrota brasileira no final da semi com Porto Rico
24/10/2011 - 18h34
Brasil perde após abrir mão de Iziane, cestinha do Pan, no fim do jogo
Bruno Doro Em Guadalajara (México)
A ala Iziane chegou para a semifinal do basquete feminino como a maior cestinha do basquete feminino dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, com média de 17 pontos por partida. Marcou 14 só nos dois primeiros quartos e, mesmo assim, ficou de fora boa parte do segundo tempo e de todo o quarto período da derrota do Brasil para Porto Rico por 69 a 68, nesta segunda-feira. “Foi uma decisão tática”, explicou o técnico Ênio Vecchi após a partida.
"JOGUEI O QUE O TÉCNICO ACHOU QUE EU TINHA DE JOGAR", DIZ IZIANE
Você não jogou boa parte do segundo tempo e ficou no banco durante todo o quarto período. Achou que jogou pouco?
Joguei o que o técnico achou que eu tinha de jogar. Fiz o que ele pediu.
Qual foi o problema contra Porto Rico?
Porto Rico é uma equipe pequena e não tem pivôs verdadeiras. Elas sabiam disso e infiltraram muito. Acho que 90 % dos ataques foi assim. E é difícil você marcar com jogadoras grandes, como estávamos fazendo.
O que poderia ter evitado a derrota?
A defesa poderia ser melhor. Tudo bem que usaram a vantagem delas, a falta de altura e as infiltrações, mas a gente tinha que responder a isso. E no ataque erramos demais. Erramos demais. Bola boba, bola debaixo do aro. E elas vieram aguerridas. Os juízes caíram na onda delas e prejudicaram a gente em vários momentos. Mas acho que tem que jogar como o jogo pede. E nós não jogamos.
“Foi uma decisão do técnico, que eu aceitei”, limitou-se a dizer a ala, que, com seus 14 pontos, ficou atrás de Sílvia, com 16, e Damiris, com 15. O momento em que ela ficou no banco, inclusive, foi aquele em que o Brasil mais teve dificuldades de pontuar. Como exemplo, no último minuto, Sílvia, Érika e Damiris, duas vezes, erraram arremessos ou lances livres que teriam mudado a história do jogo.
O caso foi tratado de forma diferente do que o de 2008, que também envolveu Iziane e o banco de reservas. No Pré-Olímpico Mundial, ela se recusou a entrar em quadra durante uma partida e acabou longe da seleção por quase dois anos. Só voltou após a saída do então treinador, Paulo Bassul.
Ênio Vecchi, desta vez, fez questão de jogar panos quentes na situação. "São decisões por critérios técnicos que a gente toma. E isso está dentro do nosso contexto. Apenas isso. Foi uma decisão técnica", disse o treinador, sem especificar o que causou o não-aproveitamento da ala.
Coincidência ou não, Iziane foi a única das jogadoras que não passou pela área de entrevistas, após a partida chorando. A pivô Damiris, que perdeu os dois arremessos que poderiam dar a vitória ao Brasil, chorava copiosamente. Palmira, Érika e Silvia Gustavo tinham olhos vermelhos e marejados. O resto das jogadoras também mostrava sinais de choro.
A presença da jogadora na equipe para os Jogos Pan-Americanos foi uma das maiores vitórias de Hortência, diretora de basquete feminino. Ala do Atlanta, da WNBA, ela pediu dispensa do Pré-Olímpico da Colômbia, para jogar a final da liga profissional. Com o fim da temporada, aceitou jogar no México.
O mais irônico, porém, foi que a seleção sentiu falta, na maior parte do jogo, de uma jogadora para definir as jogadas. Com 40 % de aproveitamento nos arremessos, ela não estava com a mão quente, mas mesmo com só 13 minutos em quadra, foi a atleta brasileira que mais cestas fez, com seis acertos - Damiris, 15 pontos, também acertou seis arremessos de quadra.
“A bola não quis entrar. Em vários lances quem olha de fora não consegue explicar. O jogo é assim. Às vezes não tem explicação. Não tem como interferir nesse tipo de acontecimento. O técnico pode substituir, pode trocar a marcação. A jogadora capricha e a bola não entrar. A gente não tem muito o que fazer. Esses nossos erros foram o que deu volume para Porto Rico.”, disse Ênio.
Agora, o Brasil enfrenta o perdedor de Colômbia e México, que jogam no fim desta segunda-feira, pela medalha de bronze. A partida está marcada para 20h30 de Brasília.
BRASIL ESQUECE DEFESA E PERDE SEMIFINAL PARA PORTO RICO
O ouro do basquete feminino era um dos mais fáceis do Pan de Guadalajara. O Brasil vinha com duas jogadoras da WNBA, com a base do time que conquistou com facilidade a vaga olímpica e ainda contando com times mais fracos trazidos pelos rivais. Mas a seleção brasileira está fora da final do Pan com após perder por 69 a 68 para Porto Rico. O time de Ênio Vecchi teve problemas para defender e para atacar. Ainda assim, teve duas bolas para vencer o jogo, a cinco segundos do fim, que não entraram.