Com mais que o dobro de medalhas pan-americanas do que a segunda colocada Cuba, os Estados Unidos provam que são a maior potência do esporte. O desenvolvimento econômico alcançado pelos norte-americanos no século 20, que os elevaram à condição de única superpotência do planeta (o PIB dos EUA, US$ 12,4 trilhões, é dez vezes maior que o brasileiro), foi acompanhado com o crescimento de medalhas em Pans e Olimpíadas. Sua hegemonia esportiva inspirou também sua máquina cultural, e
Hollywood produziu vários filmes sobre seus atletas que viraram lenda.
Na história dos 14 Jogos das Américas até hoje, os EUA têm 3688 medalhas. Cuba, principal rival norte-americana, possui apenas 1658. Só em Buenos Aires-1951 e Havana-1991, os EUA não venceram o Pan -batidos, respectivamente, por argentinos e cubanos. Porém, a partir da década de 1990, os EUA viram suas medalhas, antes conquistadas com facilidade, serem divididas entre cubanos, canadenses, argentinos e brasileiros.
O motivo: o desinteresse dos grandes astros. Para se ter uma idéia, em 1959, no Pan de Chicago (o primeiro sediado nos EUA), o número de medalhas de ouro dos donos da casa foi mais de dez vezes maior do que a da segunda colocada, a Argentina (115 a 9). O predomínio era mantido com a participação de grandes esportistas, que na época usavam o Pan como um trampolim para a fama.
Os casos foram muitos. Malvin Whitfield, três vezes medalhistas olímpico (em 1948 e 1952), participou do Pan de 1951 e ganhou a prova dos 400 m e 800 m no atletismo. O tenista Arthur Ashe tinha 24 anos quando disputou o Pan de 1967, em Winnipeg. Ele ficou com o bronze. Um ano depois, ganharia o Aberto dos EUA em uma carreira vitoriosa no profissional.
Neste mesmo ano, o nadador Mark Spitz fez um primeiro teste do que seria a sua glória nas Olimpíadas de Munique, em 1972. Foram cinco medalhas de ouro em Winnipeg.
Em 1979, outro exemplo. Carl Lewis, com 18 anos, estreava no Pan contra o brasileiro João do Pulo no salto em distância. Ganhou a medalha de bronze e depois virou um ídolo do atletismo. Lewis, porém, é um marco divisor. Depois de 1979, ele não mais fez questão de disputar a competição de novo.
Foi começo da diáspora dos astros norte-americanos do Pan. Nas décadas seguintes, os exemplos são muitos de grandes esportistas que não fizeram questão de participar da competição. No atletismo, o recordista dos 100 m Maurice Greene, dos 200 m e dos 400 m Michael Jonhson e a velocista Marion Jones nunca disputaram uma medalha pan-americana. O novo fenômeno da natação, Michael Phelps, nunca esteve nos Jogos. A conseqüência é que a diferença, que teve seu auge em 1959, começa a cair. Em 2003, os EUA tiveram 117 medalhas de ouro contra 72 de Cuba.
Além de país inventor de esportes (entre eles, beisebol, basquete e vôlei), os EUA se orgulham de ter sediado oito Olimpíadas até o momento. Quatro delas de Verão em 1904, 1932, 1984 e 1996; e mais quatro de Inverno: 1932, 1960, 1980 e 2002.
A supremacia dos norte-americanos é tão grande que é fácil listar os esportes em que os EUA sofrem para medalhar: futsal (domínio brasileiro), levantamento (com predominância de Colômbia e Cuba) e handebol (Brasil, Argentina e Cuba são os melhores do continente).