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19/08/2011 - 07h00

Após emocionar Lula por Rio-2016, Bárbara sofre com exposição e não deve nem ir ao Pan

Gustavo Franceschini
Em São Paulo
  • Bárbara Leôncio, há dois anos, com o certificado da candidatura do Rio ao lado de Nuzman

    Bárbara Leôncio, há dois anos, com o certificado da candidatura do Rio ao lado de Nuzman

Há pouco menos de dois anos, Bárbara Leôncio tinha 17 anos quando subiu em um palco, diante de centenas de dirigentes para defender o Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016 e emocionou o então presidente Lula, em Copenhague. Campeã mundial juvenil de atletismo, a jovem foi alçada ao posto de símbolo do esporte tupiniquim, ganhou patrocinadores e espaço na mídia e caiu de produção. Hoje, com marcas piores que naquela época, se esforça para aproveitar sua última chance de garantir vaga nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara.

Bárbara foi pinçada pelos dirigentes entre uma legião de atletas por ter sido campeã mundial juvenil em 2007, nos 200m livre, no Mundial de Menores. Desde então, suas marcas não melhoraram. Nos 100m, fez 11s52 em 2007, 11s62 em 2008 e 11s64 em 2010. Já nos 200m, anotou 23s48 em 2009, 23s74 em 2010 e apenas 24s41 em 2011, segundo dados da Federação Internacional de Atletismo (Iaaf, na sigla em inglês).

No último troféu Brasil, disputado em São Paulo há duas semanas, ela foi mal. Não passou sequer para a final dos 100m e foi apenas a quinta colocada nos 200m.

“Eu passei mal antes de correr os 100m, mas ainda consegui correr. Os 200m eu corri mal mesmo. Pelo fato de eu não ter corrido bem os 100m eu não estava com a cabeça muito boa”, disse Bárbara Leôncio, explicando a má performance.

Arnaldo de Oliveira é campeão olímpico no revezamento 4x100m em Atlanta, em 1996, e mentor do projeto Futuro Olímpico, no qual Bárbara treina atualmente. Para ele, a “dor de barriga” sentida pela menina antes da prova decisiva é só uma mostra do problema que sua pupila vive.

“Teve isso na semifinal [dos 100m], mas a gente sabe que foi nervosismo. Ela está com uma certa dificuldade de se adaptar e aprender a correr com atletas mais rápidas que ela. Eu fui atleta e sei como é. Ela foi muito endeusada, talvez tenha achado que as coisas seriam mais fáceis. A gente está dando todo o suporte possível. Mas estou realmente preocupado pelo lado psicológico”, disse Arnaldo.

Bárbara faz parte do Time Rio, grupo seleto de atletas fluminenses selecionados pela Prefeitura do Rio de Janeiro que têm uma grande estrutura de profissionais à disposição. Arnaldo é também o responsável pela equipe de atletismo da Prefeitura, e demonstra temor pelo futuro da atleta caso ela não melhore seu desempenho.

“Hoje a Bárbara é muito bem remunerada. Ela tem três patrocinadores individuais [BR Foods, Oi e Olympikus] e eu não sei como vai ficar a cabeça dela se ela perder algum deles. Ou se ela não for a Londres em 2012”, avaliou.

Os números atuais de Bárbara não são dos melhores. Após o mau desempenho no Troféu Brasil, ela precisa de uma forte reação para ir ao Pan. Como está longe dos índices individuais (11s13 e 22s69, nos 100m e nos 200m, respectivamente), ela precisa melhorar sua marca nos 100m para subir no ranking brasileiro e ocupar umas das duas últimas vagas no revezamento brasileiro.

“Como eu estou no dia a dia com ela, vejo que ela tem chances sim. A nossa expectativa no Troféu Brasil era muito grande. Ela ainda está em forma. Está em condições atléticas de conseguir grandes resultados. Mas vai ser difícil. Ela vai ter de chegar na frente de quatro ou cinco meninas”, disse Gustavo dos Santos, técnico do Futuro Olímpico que trabalha diariamente com Bárbara.

Os técnicos apontam a exposição que Bárbara teve desde 2009 como fator importante na queda de rendimento da atleta. Mesmo sem grandes resultados, ela é uma das atletas mais bem pagas da modalidade, atrás apenas de Fabiana Murer e Maurren Maggi, os maiores nomes do atletismo atualmente.

Bárbara, no entanto, não concorda com a avaliação. “Desde 2007, que eu fui campeã mundial, eu fui me machucando todo ano. Pelo contrário. Eu ter ido [para Copenhague] só meu ajudou. Os patrocínios que eu tenho hoje foram por causa daquilo. Por eu ser atleta, aquilo não influencia em nada”, disse a jovem.

Seu ex-técnico também discorda. Paulo Servo descobriu Bárbara Leôncio em uma escola pública do Rio de Janeiro e a treinou até o início deste ano. Apesar de rasgar elogios para a capacidade técnica da ex-pupila, ele conta que tudo mudou desde sua aparição na mídia nacional.

“A gente teve um relacionamento de pai e filha. Ela se tornou uma outra pessoa. O sucesso mexeu muito com ela. E eu compreendo. Você imagina uma pessoa que vivia  em um cômodo, chegar onde ela chegou, ganhando o que ela estava ganhando mensalmente. Isso só fez com que a gente se afastasse. Até que a gente discutiu e eu a despedi”, disse Servo.

O técnico do projeto Lançar-se para o Futuro explica que Bárbara fez uma cirurgia no menisco no fim do ano passado e faltou às sessões de fisioterapia previstas. Na volta aos treinos, Servo teria se irritado com uma suposta falta de vontade da atleta.

Questionada sobre o assunto, Bárbara foi sucinta. “Foi um desentendimento. Foi melhor eu sair de lá. Eu estou feliz onde eu estou hoje, é só o que eu tenho a dizer”, resumiu.

Os dois técnicos atuais e o anterior são unânimes em apontar o talento de Bárbara Leôncio. Da mesma forma, entendem que seu sucesso e exposição precoces atrapalharam seu desenvolvimento como atleta. Ainda há tempo, no entanto, para que o processo seja revertido e ela consiga confirmar as expectativas que criou em 2016, quando o Rio de Janeiro finalmente receber os Jogos Olímpicos que ela ajudou a conquistar.

Bárbara Leôncio
Bárbara Leôncio

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