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31/07/2007 - 11h43

Vela brasileira brilha, conquista três ouros, mas não faz história

Bruno Doro
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

A vela, esporte que mais medalhas deu ao Brasil em Olimpíadas, também brilhou no Pan-Americano do Rio de Janeiro. Os velejadores brasileiros conquistaram três medalhas de ouro, duas de prata e duas de bronze, terminando em primeiro lugar no quadro de medalhas da modalidade no Rio 2007.

O desempenho, porém, não foi o melhor da história. Em número de medalhas, foi igualado o número de pódios do Pan de Havana-1991, quando os brasileiros levaram só um ouro, quatro pratas e dois bronzes. A melhor participação brasileira foi em Caracas-1983, com quatro ouros e uma prata.

"Só não levamos mais ouros porque o tempo não ajudou. Se tivesse ventado, teríamos ainda mais. Sem contar que roubaram o do Baby, do cara que mais merecia esse título", reclamou Alexandre Paradeda, ouro na classe Snipe com Pedro Tinoco.

O OURO DE CAMPEÕES MUNDIAIS
Fotocom
Bimba conquistou o bicampeonato do Pan
Moacyr Lopes Jr./FI
Classe J24 do Brasil superou prata de 2003
BIMBA E SANTA CRUZ GANHAM OURO
BRASIL É OURO NA CLASSE SNIPE
SCHEIDT PERDE E FICA COM A PRATA
VELEJADORA MAIS JOVEM É PRATA
PÁGINA ESPECIAL DE VELA NO PAN
O incidente a que o gaúcho se refere foi a desclassificação de Bernardo Arndt e Bruno Oliveira na classe Hobie Cat 16. Os dois já tinham garantido o ouro, mas foram eliminados por uma irregularidade em uma adriça, polia que liga a vela ao mastro do barco, que tinha sido aprovada na medição anterior. O único que não conquistou medalhas foi Bernardo Low-Beer, da Sunfish.

"Atingimos o objetivo. A expectativa era de quatro ouros, mas o Hobie Cat foi pego de surpresa. Esperávamos também o ouro do Scheidt, mas não dá para cobrar muito dele. Na Sunfish, a gente sabia que iria ser difícil", analisou o técnico da equipe, Walter Boddener.

O grande trunfo dos brasileiros foram seus campeões mundiais. Ricardo Winicki, o Bimba, que ganhou no começo do mês o Mundial da Isaf, em Portugal, venceu a prancha à vela (RS:X) após um início de campeonato ruim. "Mostrei que sou o melhor do mundo quando venta", disse, lembrando que nos últimos dois dias, quando o vento apareceu, ele foi bem.

Maurício Santa Cruz e sua tripulação, bicampeões mundiais da J24, também terminaram com o ouro. Na última regata, ele chegou com apenas um ponto de vantagem sobre o barco argentino e só precisou marcá-los na última regata. O time também superou a lesão do proeiro João Carlos Jordão, que competiu com um colar cervical.

"Foi muito mais difícil do que o Mundial. Os argentinos se superaram, andaram muito bem e acabaram complicando muito as coisas", disse Alexandre Saldanha, normalmente tático, mas que assumiu a função de Jordão, que não podia ser substituído. "No começo do campeonato, achei que não iríamos nem velejar", admite Santa Cruz.

O terceiro campeão mundial a ficar com o ouro foi Alexandre Paradeda. Campeão do mundo em 2001, ele superou os uruguaios Pablo Defázio e Eduardo Médici, que tinham vencido o Campeonato do Hemisfério, equivalente ao Mundial, em 2006. "A Snipe era uma das classes mais competitivas desse Pan. Os campeões mundiais e do Hemisférios desde 2001 estavam na raia, correndo", afirmou o gaúcho.

A grande decepção acabou sendo Robert Scheidt. Octacampeão mundial e bicampeão olímpico da classe Laser, ele ficou com a prata, atrás do norte-americano Andrew Campbell. Foi a última competição internacional de Scheidt na Laser. Há dois anos, ele se dedica à Star, na qual acaba de ser campeão mundial.

"Eu fiz uma escolha pela Star e paguei o preço. Comecei muito mal e só agora, no final do campeonato, é que me sinto preparado para o Pan. Tanto que venci as últimas três regatas", analisa Scheidt.

Completam a lista de medalhistas brasileiros a prata de Patrícia Castro, na prancha à vela (RS:X) feminina, e os bronzes de Cláudio Bieckark na Lightning e Adriana Kostiw, na Laser Radial.