Esquecida, ginástica masculina supera a feminina no Rio

"Tomara que seja um divisor de águas". O ginasta Mosiah Rodrigues mostrou toda sua empolgação após conquistar o ouro na barra fixa nesta terça-feira. Ele espera que o desempenho da seleção masculina no Rio de Janeiro abra espaço para mais investimento e divulgação dos feitos da equipe.

O clamor pode ser exagerado, mas os resultados da modalidade no Pan no mínimo sugerem uma dúvida técnica entre o nível da seleção liderada por Diego Hypólito em relação ao da equipe de Daiane dos Santos.

"O resultado mostra que a ginástica masculina evoluiu muito. As três medalhas de ouro mostram o quanto evoluiu", afirmou Diego Hypólito, vencedor de duas provas - solo e salto.

"Foi melhor do que qualquer expectativa que tínhamos. Esperávamos oito ou nove medalhas no máximo e achávamos que era possível levar três de ouro (uma com Daiane no solo e duas de Diego, no solo e no salto)", afirmou a supervisora técnica da CBG (Confederação Brasileira de Ginástica), Eliane Martins.

Hypólito e Rodrigues foram os responsáveis pelos três primeiros ouros da ginástica masculina na história dos Jogos. Eles ainda participaram da conquista da prata por equipes. E Danilo Nogueira ganhou um bronze na barra.

As mulheres levaram um ouro (Jade Barbosa no salto), uma prata (por equipes) e quatro bronzes (Laís Souza na barra e no salto, Daniele Hypólito na trave e Jade Barbosa no solo).

"Mostramos que temos qualidade e que merecemos apoio. As meninas têm dois patrocínios, que nós não temos. Precisamos de mais apoio. Os resultados estão vindo, agora vamos esperar", disse Rodrigues. "Por milhões de vezes eu falei que a realidade do masculino e do feminino são bem diferentes e que precisávamos trabalhar bastante e ter paciência."

Essa, porém, não é a primeira vez que os rapazes levam a melhor sobre as garotas em um Pan. E não faz muito tempo que isso ocorreu. Em Santo Domingo-2003, eles já haviam obtido melhores classificações. Nada mudou em termos estruturais de lá para cá, embora os ginastas cravem que houve evolução nos tablados.

"A gente vem crescendo ano a ano. Em Santo Domingo-03, também ganhamos a prata por equipes, mas a diferença foi muito maior para o líder. Para esse mesmo time de Porto Rico, nós perdemos por quatro pontos em outubro do ano passado", lembrou Rodrigues. Nesta edição dos Jogos, o time perdeu para Porto Rico por apenas três décimos.

Renato Araújo, técnico de Diego Hypólito e Victor Rosa e da seleção, comemorou o momento oportuno para a chuva de medalhas e espera retorno. "Um dia ia ter que aparecer o resultado. Foi bom que saiu aqui em casa. E os patrocinadores sempre esperam resultado. Agora tenho quase certeza de que eles virão, que algo vai acontecer. Seja para a equipe ou para o individual."

Esse "algo a acontecer" é detalhado por Mosiah. "Precisamos pensar mais no esporte e na base. Uma hora nós sumiremos e temos que dar continuidade."

Eliane Martins afirma que o planejamento para a equipe masculina vai depender dos resultados do Mundial de Stuttgart, em setembro. "Temos o Mundial para ver o que vai acontecer para fazermos um planejamento. Não falo nem para 2008, porque isso já foi, está feito."

Com equipes masculina e feminina, o Brasil ganhou 11 medalhas no total. Sem os resultados da ginástica, o país teria, ao fim desta terça-feira, três ouros, seis pratas e nove bronzes. Sem esses resultados, o país cairia para a oitava posição no quadro de medalhas.

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