Caos político faz medalhas peruanas desabarem
Além de ter uma das costas mais ricas para a pesca do mundo, o Peru ostenta números grandiosos de recursos minerais. As produções de prata, zinco, estanho o cobre estão entre as maiores do planeta.
A agricultura também se destaca: cana-de-açúcar, algodão, café e trigo são os maiores cultivos. A pesca, porém, é primordial para o país. A corrente marítima fria Humbolt leva nutrientes à costa ocidental da América do Sul e os peixes se aglomeram perto do Peru.
Os números na agricultura e na piscicultura levaram o Peru à lista dos dez países de maior crescimento econômico, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional) no relatório de 2005-2006.
O turismo é outra importante área de seu economia. As cidades históricas de Machu Picchu e Cuzco, fazem parte do roteiro inca, povo pré-colombiano que a partir do território peruano dominou quase toda a costa sul-americana do Pacífico até a chegada dos espanhóis no século 16.
Tamanha desenvoltura na economia não se mostrou na política nos últimos 15 anos. Os peruanos sofreram, principalmente, com o governo de Alberto Fujimori. Em 1992, dois anos depois de assumir o cargo, ele destitui o Congresso Nacional e praticamente tomou as decisões do país para si.
Na política exterior, Fujimori também foi beligerante. Em 1995, uma guerra com o Equador na fronteira foi mais um capítulo da abalada relação entre as duas nações, com dezenas de mortos. O Brasil interviu e foi assinado um acordo no Rio.
Com essa concentração de poder, Fujimori foi reeleito com 64% dos votos. Um ano depois, em dezembro de 1996, guerrilheiros de esquerda invadiram a embaixada do Japão na capital, Lima, fazendo dezenas de reféns. Era o começo da crise. Quando foi tentar a segunda reeleição, com uma interpretação da lei que não permitia, um vídeo revelou seus atos de corrupção.
Fujimori decidiu se exilar no Japão e não voltou mais. Em 2001, Alejandro Toledo foi eleito e ficou até 2006 no cargo. Alan García é o atual presidente peruano, que estivera no cargo na década de 80.
O andamento da política, interna e externa, peruana se refletiu no esporte. O desempenho peruano despencou na década de 90, e o caso mais emblemático é o do vôlei feminino. As peruanas foram frequentadoras assíduas do pódio entre os Pans de 1967 e 1991, com cinco pratas e dois bronzes. Durante todo esse período, elas bateram as brasileiras, que deram a virada em Havana-1991, ficando com a prata e deixando o bronze para as vizinhas. Desse momento em diante, o vôlei do Peru desapareceu.
Houve um jejum de medalhas de ouro de 20 anos (de 1983 até 2003). Mas o Peru descontou em Santo Domingo, com 10 medalhas (uma de ouro, uma de prata e oito bronze). Duas a mais do que em Winnipeg-1999. Nas Olimpíadas, o Peru não vê medalhas desde 1992, quando Juan Jorge Giha Yahur ganhou prata no skeet.
Para o Pan do Rio de Janeiro, as perspectivas não são das melhores. Apesar da força no caratê, taekwondo e tiro, os peruanos não têm um grande favorito em nenhuma prova. Alguns pode surpreender. Como o tenista Luis Horna, entre os cem melhores do mundo, que confirmou presença no Rio; e o time de vôlei feminino, que possui oito medalhas pan-americanas e até uma prata olímpica, deve levar trabalho às adversárias.