Leandro Prates disputa com equatoriano os metros finais e fica com o ouro por 0s01
O policial militar Leandro Prates quase deixou o ouro escapar nos últimos metros, mas comemorou o primeiro lugar na final dos 1.500 m nesta quarta-feira, pelo Pan de Guadalajara. A vibração, contudo, precisou esperar. Ele só recebeu a confirmação do primeiro lugar pelo “photo finish”. “Podem recorrer, só sei que fiz a minha parte da melhor forma possível. Queria muito levar uma medalha para o Brasil. Estou muito feliz.”
Antes da competição, o UOL Esporte contou em sua seção "Fábulas do Pan" a história de Leandro Prates, um soldado da PM que em 2010 salvou um bebê engasgado. Reveja |
Leandro não terá muito tempo para festejar. Na próxima segunda-feira, o soldado já se apresenta ao quartel para trabalhar na guarda. O afastamento para competir no Pan de Guadalajara termina nesta semana.
O Brasil faturou mais uma medalha na pista com Geisa Coutinho, terceira colocada nos 400 m. Empacotadora de supermercado na adolescência, ela mostrou boa forma e encerrou a prova em 51s87, atrás apenas de Yenifer Padilla, da Colômbia, com 51s53, e a cubana Daysiurami Bonne, com 51s69. Ambas fizeram os melhores tempos de suas carreiras. Joelma Souza terminou na sexta posição.
“Tenho que agradecer meus companheiros de polícia, pois enquanto estive treinando nos últimos dias, eles estavam lá trabalhando”, emendou o brasileiro, que também já foi metalúrgico e dentro da polícia ficou um ano e meio atendendo chamadas de emergência no 190.
A função de PM o ajudou no atletismo. Exceção feita à dificuldade de conciliar as duas atividades, o fato de a polícia exigir um bom físico no ingresso de novos funcionários contribuiu.
“O policial precisa estar bem fisicamente para poder atender uma ocorrência e servir a população, então existe uma relação muito grande. Hoje é difícil conciliar as duas coisas, mas eu consigo. Agora sonho em baixar meu índice para tentar a vaga olímpica”, projetou ele, buscando tirar de três a quatro segundos de sua atual marca.
Nesta quarta, Leandro por pouco não repetiu um erro antigo: olhar demais para os rivais e perder a prova. O equatoriano Byron Piedra foi apenas um centésimo mais lento.
“Antes eu ficava muito preocupado em olhar para trás e acabava perdendo, mas hoje me concentrei em não fazer isso. Quando fui olhar para ver os rivais, já estava em cima da linha”, explicou.
O brasileiro dominou boa parte da última volta. Disparou nos 100 m finais, mas perdeu forças para fechar. Quando olhou para um lado e para o outro, para buscar seus rivais, viu Piedra ao seu lado. O vencedor? Nem eles sabiam. A dúvida só foi esclarecida após a organização analisar a fotografia da chegada, confirmando a vitória brasileira.
“Eu tenho dedicação. Talento é só 10%. Tenho que treinar o dobro do que todo mundo. Sou campeão sul-americano, ibero-americano, brasileiro e agora, pan-americano”, completou Leandro, que fez o tempo de 3min53s43. Piedra terminou os 1.500 m um centésimo mais devagar, enquanto o bronze foi para Eduar Villanueva, da Venezuela, com 3min54s06.
Com este resultado, o Brasil ficou com o tricampeonato da prova. Hudson de Souza foi o vencedor dos 1.500 m nos Pan-Americanos de Santo Domingo, em 2003, e do Rio de Janeiro, há quatro anos. Essa foi a sétima medalha brasileira no atletismo neste Pan, sendo três ouros, duas pratas e dois bronzes.
Fora do pódio nos 100 m rasos, Ana Cláudia Lemos tenta assegurar uma medalha nos 200 m. E, nesta quarta-feira, ela mostrou que tem boas chances. Com 22s72, ela se classificou à final com o melhor tempo. A decisão da medalha será nesta quinta. No masculino, dois brasileiros também se classificaram. Bruno Lins Tenório sobrou na segunda bateria e, com 20s35, garantiu seu lugar na prova decisiva. O veterano Sandro Viana chegou em segundo na sua série e também avançou a sua prova favorita. |
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