UOL Esporte - Pan 2007
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30/07/2007 - 19h51

Esgrima quebra tabus e pede 'passaporte' para se desenvolver

Giancarlo Giampietro
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

O Pan foi produtivo para a esgrima brasileira. Motivada pela presença dos técnicos russos Oleg Fomin e Miakotnykh Guennadi e atletas que ganharam experiência fora do país, a equipe quebrou tabus e conquistou três medalhas. Agora, para fomentar o desenvolvimento do grupo, os treinadores querem vê-los cada vez mais distantes do país e próximos das potências européias.

EFE
João Souza foi bronze no florete e acabou com jejum de 32 anos sem medalhas
EFE
Renzo Agresta, no sabre, garantiu o terceiro bronze para o Brasil na modalidade no Pan
A CONQUISTA DE JOÃO SOUZA
O BRONZE DE CLARISSE MENEZES
A MEDALHA DE RENZO AGRESTA
SAIBA MAIS SOBRE A ESGRIMA
Primeiro, João Souza, no florete, acabou com um jejum de 32 anos sem medalhas para a modalidade. Depois foi a vez de Clarisse Menezes, na espada, obter o primeiro pódio feminino do país na competição. Por fim, Renzo Agresta, no sabre, ganhou o terceiro bronze da delegação.

Souza e Agresta são raridades, por terem competido no circuito internacional nesta temporada. Já Menezes é orientada diretamente por Fomin, que acredita que apenas o contato com a elite da esgrima pode levar a seleção para metas maiores.

"Os esgrimistas daqui são muito talentosos, há muito talento. O problema é apenas eles ganharem experiência, pontos no ranking e se mostrarem para o mundo. Além de conhecer os diferentes estilos e jogar contra os melhores adversários, eles precisam se apresentar aos árbitros, algo que pesa muito na hora de obter resultados", afirmou o técnico russo.

Souza contou com o apoio do clube Grêmio Náutico União para competir no exterior nesta temporada. De jogo a jogo, o brasileiro conseguiu ingressar no grupo dos 20 melhores esgrimistas do mundo no florete. Também é o segundo melhor da América. Se mantiver essa condição, ganha uma vaga direta nos Jogos de Pequim-2008, sem precisar passar por um Pré-Olímpico. "Quero seguir jogando no circuito mundial para conseguir a vaga na China", afirmou.

Além disso, a temporada na Europa foi cheia de treinos, que o atleta acredita terem sido fundamentais para um bom resultado no Pan 2007. "Não acho que esses treinamentos me deixem em vantagem sobre os adversários, mas no mesmo nível", disse. Agresta passa por essa mesma rotina, mas há dois anos. Ele deixou São Paulo para se estabelecer em Roma, onde é orientado por um amigo de seu treinador, Régis Trois. Número 39 do mundo, ele também busca a classificação para Pequim-2008 via ranking mundial.

Sobre a questão do talento levantada pelo russo, Clarisse surge como grande exemplo. "Não faz nem quatro anos que eu treino. Comecei a treinar em 2003 na garagem do prédio do meu namorado. O resultado de todo o trabalho e toda a dedicação está aí", disse a atleta.

Fomin também alertou para outro caso. Athos Schwantes, que caiu nas oitavas-de-final da espada, passou por um período de treinamentos na França neste ano. Ao final da jornada, disputou o campeonato nacional local e terminou com a segunda colocação na modalidade. ")s franceses não acreditavam. Ficaram me perguntando de onde havia saído esse brasileiro", disse. No Rio, Athos acabou chamando atenção mais pelo incidente que afastou seu irmão Ivan da competição (um improvável ferimento causado durante os treinamentos), mas ainda figura como aposta dos treinadores.