Três anos após AVC, brasileira que vai ao Pan ainda tem dormência na mão

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

  • Carol Coelho/Inovafoto

    Aos 36 anos, Daniela Piedade vai disputar pela quarta vez os Jogos Pan-Americanos

    Aos 36 anos, Daniela Piedade vai disputar pela quarta vez os Jogos Pan-Americanos

O dia 29 de setembro de 2012 marcou um recomeço na vida de Daniela Piedade. Poucas semanas após defender a seleção brasileira de handebol na Olimpíada de Londres, a jogadora sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) antes de um amistoso do seu time, o Krim Ljubljana (ESL). Passou dez dias no hospital, sendo três na UTI correndo risco de morrer ou ficar com o lado direito do corpo totalmente paralisado. 

Em uma recuperação surpreendente, precisou só de quatro meses para voltar às quadras e seis para ser chamada para a seleção brasileira. No fim de 2013 foi campeã mundial e a partir do dia 10 de julho, em Toronto (CAN). disputará pela quarta vez em sua carreira os Jogos Pan-Americanos.

"Com certeza, ganhei uma nova vida, com novos objetivos. Depois que saí da UTI me explicaram a gravidade do caso. Eu não estava entendendo direito e aí vi que poderia ter sido o fim da carreira. Os médicos me passaram as possibilidades que teria e agarrei com unhas e dentes", afirmou a jogadora ao UOL Esporte.

Falar daquele dia 29 emociona Dani até hoje. E ela revela que ainda guarda pequenas sequelas que nada atrapalham em seu desempenho em quadra.

"Quando estou muito cansada, dou uma travada para falar algumas palavras e também não tenho 100% de sensibilidade na mão direita, e não dá para esconder isso.  Mas não atrapalha em nada, tenho força suficiente para fazer os arremessos. Quando estou ali treinando ou jogando até esqueço", disse Dani, que não possui nenhum tipo de restrição médica para seguir atuando.

EFE/EPA/GEORGI LICOVSKI
Dani Piedade em ação durante o Mundial da Sérvia, em 2013

Aos 36 anos de idade, a pivô já tem bem claro seu objetivo. Disputar a Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, e então colocar um ponto final em sua carreira na seleção brasileira, que defende desde 2000.

"Depois do AVC, vi todas as competições até a Rio-2016 como um passinho a mais até chegar ao topo e finalizar bem minha carreira. Não foi fácil superar este AVC, é claro, mas com ajuda de muitas pessoas e com pensamento positivo deu certo", afirmou Dani.

"Já são 15 anos de seleção, é um processo pesado. O handebol é o amor da minha vida. Não é fácil parar, mas tudo na vida tem fim. Tem uma hora que o corpo pede para parar", afirmou.

Dani é a atleta mais velha das 15 que representarão o Brasil em Toronto. E buscará a quarta medalha de ouro, após subir ao lugar mais alto do pódio em Santo Domingo-2003, Rio de Janeiro-2007 e Guadalajara-2011. Para ela, o torneio é mais um bom teste para as competições duras que virão pela frente. Antes da Olimpíada, a seleção tentará defender o título mundial na Dinamarca, em dezembro deste ano.

"É uma competição importante para o Brasil e para o COB (Comitê Olímpicos do Brasil). E também é um momento de treinamento e acertar tudo que está errado. Não é sempre que nos reunimos. Temos de aproveitar cada segundo", afirmou a jogadora.

A estreia da seleção brasileira em Toronto será no dia 16 de julho, às 12h30 (de Brasília), contra Porto Rico. Depois, na primeira fase, ainda terá pela frente Canadá (18) e México (20). As semifinais estão marcadas para o dia 22 e a final para o dia 24. 

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