No hipismo, 007 é esperança de medalhas para o Brasil no Pan de Toronto

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

Agente secreto mais famoso do cinema mundial, James Bond estará representado nos Jogos Pan-Americanos de Toronto (CAN), a partir do dia 10 de julho. O responsável por levar 007 à competição será um brasileiro, que compete no hipismo adestramento e não tem permissão para matar. Mas assim como o espião, tem relação muito próxima com a Majestade. A majestade, neste caso, é a Rainha Hortência. O personagem em questão é  João Victor Oliva, filho da ex-jogadora de basquete com o empresário José Victor Oliva.

Aos 19 anos, João Victor disputará pela primeira vez em sua curta carreira o Pan. E, em sua apresentação na briga por medalhas levará ao picadeiro o clássico tema do filme que embala as aventuras de 007. As eliminatórias acontecem nos dias 12 e 13. A final será no dia 14.

"Na fase de classificação, nos apresentamos sem música. Avançando para a decisão, podemos escolher qualquer uma. E vou usar a do filme 007. Quando competia, meu ex-técnico (o Rogério Clementino) se apresentava com este tema. E como o cavalo que ele usava é muito parecido com o meu, resolvi apostar neste música. E sempre me dei muito bem com ela", disse João Victor ao UOL Esporte.

"Não sou muito entendedor de filme, mas gosto para caramba dos filmes do 007 e da música", completou.

E foi com o tema que João Victor obteve sua maior conquista até hoje. No ano passado, ficou com a medalha de ouro dos Jogos Sul-Americanos de Santiago (CHI). Também em 2014, foi eleito o melhor atleta da equipe nos Jogos Equestres Mundiais da Normandia, na França, e conquistou o Prêmio Brasil Olímpico, premiação oferecida pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB).

A evolução de João Victor no último ano está diretamente ligada a uma mudança radical em sua vida. Foi em 2014 que ele resolveu deixar o conforto do seu lar no Brasil e a proximidade com a família e mudou-se para Günne, pequena cidade no Noroeste da Alemanha, localizada a pouco mais de 50 quilômetros de Dortmund. Mudou também de técnico. Passou a ser orientado por Norbert van Laak, treinador de campeões olímpicos, mundiais e europeus.

Wander Roberto/Inovafoto/COB
João Victor em ação durante os Jogos Sul-Americanos de Santiago (CHI), em 2014

"A Europa é o grande centro do hipismo mundial. Se você quiser ser alguém na vida no hipismo, tem de optar por morar aqui. As competições das quais participo são muito mais fortes e isso me ajuda muito a evoluir. No Brasil, ainda é muito fechado, estaria competindo sempre contra os mesmos concorrentes", disse João, que mora sozinho na Alemanha.

"É a primeira vez que moro sozinho. No Brasil, eu morava com o meu primo. Mas estou conseguindo me virar bem, sei cozinhar. Ainda não falo muito alemão, mas consigo sobreviver bem com o meu inglês", disse o cavaleiro, que começou a montar a cavalo desde pequeno, por influência do pai.

"Participo de competições desde que tenho 10 anos, mas monto a cavalo desde bem pequenininho. Brinco que nasci em cima de um cavalo. Com um dois, anos, meu pai me colocava em cima do cavalo e tirava foto. Daí a paixão tão grande pelo que faço", afirmou João Victor.

Assim como aconteceu nos últimos anos e também na conquista do ouro no Sul-Americano, João Victor montará em Toronto o Lusitano Xamã dos Pinhais. Trata-se de um cavalo brasileiro nascido em Itapetininga (SP), na criação de  Luís Ermírio de Moraes, filho do ex-empresário Antonio Ermírio de Moraes.

"Faz uns quatro anos que monto este cavalo e ele é muito bom. Estou bem adaptado com ele. Estamos preparados para fazer um bom Pan", disse o cavaleiro.
Fazer um bom Pan para João Victor significa ajudar a equipe brasileira a subir no pódio. Uma medalha de bronze já é vista como uma grande conquista para uma modalidade na qual o Brasil não tem tradição, apesar de ela fazer parte do programa olímpico desde 1912.

"Ganhar uma medalha individual não será fácil, pois os conjuntos dos Estados Unidos e do Canadá são muito fortes. Então, vamos tentar esta medalha por equipes", disse João Victor, sonhando repetir o bronze ganho pelo time brasileiro no Pan do Rio, em 2007.

Hortência torcerá de longe

Divulgação
Hortência ao lado do filho João Victor após campeonato em 2009

Campeã Pan-Americana em Havana-1991, Hortência não viajará ao Canadá para acompanhar o desempenho do filho. Ficará acompanhando do Brasil, pela televisão.

"Meu coração não iria aguentar de emoção Estava pensando em ir, mas ficarei muito nervosa. Prefiro deixar o João lá tranquilo, sossegado e concentrado, aproveitando o momento dele. Ele estará muito bem assessorado pelo pai", afirmou Hortência, que espera ter a a chance de ver o filho competir no Rio de Janeiro, em 2016.

"Na Olimpíada, com certeza estarei lá torcendo por ele", disse a Rainha, que na Olimpíada de Atlanta(EUA)-1996 levou João Victor, de apenas dois meses, para a Vila Olímpica. Ele acabou sendo pé-quente e a equipe nacional feminina de basquete ficou com a prata após ser derrotada pelos Estados Unidos na decisão.

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