ESCOLHA UM ATLETA Caio Duprat Carlos Lourenço Dáfani de Figueiredo Douglas Brose Juarez dos Santos Lucélia Ribeiro Nelson Sardenberg Valéria Kumizaki Vinícius Souza

Lucélia Ribeiro termina sua participação nos Jogos Pan-Americanos com uma marca nunca antes alcançada por uma mulher brasileira em competições individuais: o tricampeonato. Na categoria acima de 60 kg, ela foi ouro e manteve o 100% de aproveitamento dela em Pans.

A carreira da carateca tem uma história curiosa. Ela tinha apenas oito anos, mas conseguiu esconder dos pais que estava fazendo aulas de caratê por três meses. Matriculada em aulas de dança, Lucélia ia para uma unidade do Sesi, em Brasília, junto com o primo, que fazia aulas de caratê.

"Um dia minha professora faltou sem avisar e como eu tinha que esperar meu primo, fiquei na porta assistindo a aula dele. Fiquei fascinada e resolvi experimentar escondida dos meus pais. Fiz minha primeira aula de maiô e sapatilha", lembra Lucélia, "Minha mãe só descobriu três meses depois".

E engana-se quem acha que os pais de Lucélia permitiram logo de cara que a filha trocasse as sapatilhas pelo quimono. "No início eles tinham receio que eu me machucasse ou ficasse com o corpo masculinizado, tive que chorar muito, mas agora, são meus maiores incentivadores", conta ela.

Pudera, com três ouros pan-americanos agora no currículo, não há pai que resista. Ainda mais com uma história como a de Lucélia. Em 1999, com 21 anos, tinha acabado de sair da seleção juvenil quando se classificou para o Pan. "Foi mágico, não tinha muita noção do que aquela competição significaria para a minha carreira, mas a partir daí o Pan passou a ser um dos meus principais objetivos".

Este objetivo foi posto a prova quatro anos depois, no Pan de 2003, em Santo Domingo. Pouco tempo antes da competição, Lucélia descobriu que estava com o ligamento de um joelho rompido. Mesmo assim decidiu competir o Pan. "Não falei para ninguém. Só meu técnico, médico e meus pais sabiam. Tive que superar muita dor e chorei muito no pódio", porém o motivo das lágrimas era outro, "estava muito feliz por não ter desistido", afirma.

Na edição de 2007, ela estava confiante nos próprios golpes. "Tenho excelentes chances, estou treinando bastante e focando muito", dizia antes da disputa.

E o muito de Lucélia parece ser quase o máximo possível. Formada em Educação Física, ela deixou o trabalho de lado para se dedicar ao Pan. "Estou comendo e respirando caratê", brincava. Até durante o namoro o assunto era o Pan. "Meu namorado Douglas (Brose, também atleta da seleção) também está classificado para os Jogos, aí já viu, né?"

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