Além dos adversários diretos na briga por medalhas, os atletas da maratona aquática estão tendo de lidar com outro tipo de adversário neste Pan de Toronto: a baixa temperatura do Lago Ontário, local da prova de 10 quilômetros. Durante os últimos dias, a água não ultrapassou os 19 graus celsius, e em alguns momentos chegou a ser até de 13. 

 

E, para driblar esta adversidade, os brasileiros Luis Rogério Arapiraca e Samuel de Bona, que competem a partir das 16h (de Brasília) usarão gordura de carneiro para manter o corpo esquecido, principalmente as extremidades, como mãos e pés. Antes de caírem na água, passarão um composto de lanolina (obtido a partir da lã do animal) e vaselina.

 

"Este composto tem 90% de lanolina e 10% de vaselina. Geralmente mandamos fazer em uma farmácia de manipulação. É uma espécie de pasta", afirmou Christiano Klaser, o Kiko, técnico da equipe masculina em Toronto.

 

"Treinei estes dias aqui e está bastante frio. Já competi em temperaturas mais baixas, mas não é o tipo de água na qual eu gosto de nadar. Para mim, a temperatura boa é uns 24. Com o frio, você muitas vezes acaba perdendo a sensibilidade nas pontas dos dedos", afirmou De Bona.

 

Nem mesmo o fato de a temperatura em Toronto ter batido na casa dos 30 graus e o sol aparecido com força acaba ajudando.

 

"O Sol não tem a ver não. O que muda muito a temperatura da água é o vento e a própria dinâmica do lago", disse De Bona.

 

Além da lanolina, os atletas também usarão um maiô feito de um tecido bem fino para ajudar na manutenção da temperatura do corpo. Ele custa cerca de R$ 1200.

 

"Ele é bem fininho, não atrapalha em nada na hora de nadar. Mas é um auxílio a mais", disse Arapiraca.

 

Quem já sofreu com a temperatura da água no Lago Ontario foi a argentina Cecilia Biagoli, no sábado. A atleta que chegou a ocupar a vice-liderança da disputa feminina de 10 quilômetros perdeu rendimento na metade final da prova e acabou somente com o nono lugar.

 

"Fez muito frio e sofri bastante nas duas últimas voltas. Não sou muito fã das baixas temperaturas", disse a argentina, que deixou o lago tremendo e precisou colocar um agasalho.