Érika é campeã. "Vovó" do judô consegue primeiro ouro do Brasil em Toronto
Bruno Doro
Do UOL, em Toronto (CAN)
Érika Miranda nem chegou aos 30, mas já virou a vovó do time brasileiro de judô. Em um time que começou a viajar junto ainda na adolescência e que começou a vencer antes dos 20 anos, uma judoca de 28 anos é exceção. Neste sábado, a veterana se destacou mais que todos os "novinhos". Com uma vitória sobre a canadense Ecaterina Guica, ela conquistou o primeiro ouro do Brasil em Toronto, além do primeiro dela na carreira.
A luta durou pouco e a atuação da brasileira foi brilhante. Mesmo com a torcida contra, Érika derrubou Ecaterina duas vezes em sequência, conseguiu o ippon com dois wazaris seguidos e subiu ao lugar mais alto do pódio.
"Eu queria muito que o primeiro já fosse ippon. Quando eu levantei, ela queria trabalhar chão, eu coloquei outro golpe. No país onde o futebol reina, quem manda é o quimono", disse Érika Miranda ao Sportv. "Eriquinha é uma veterana nos Pan-Americanos. Judô feminino, judô do Brasil tem a responsabilidade de levar 14 medalhas. Estamos só começando", avisa Rosi Campos, técnica da seleção feminina.
Foi o primeiro ouro do Brasil, que tinha batido na trave pouco antes com Kitadai, que ficou com a prata na categoria ligeiro. Com a conquista de Érika, o país soma um bronze, uma prata e um ouro no Pan, todas as medalhas conquistadas pelo judô, que pretende subir no pódio com todos os atletas. É sintomático, nesse contexto, que a primeira conquista venha de uma "veterana".
Sarah Menezes, de 25 anos, é campeã olímpica. Mayra Aguiar, atual campeã do mundo, tem 23. Rafaela Silva, a primeira brasileira a ser a melhor do planeta, tem a mesma idade. Com o título do Pan de Toronto, conquistado neste sábado com a vitória sobre a canadense Ecaterina Guica, Érika entra nesse grupo.
"Quem me conhece sabe que eu sou muito ansiosa. E estou trabalhando muito desde 2012 quando perdi na primeira luta. É o primeiro ouro para mim e para o Brasil. Estava esperando muito isso, batendo sempre na trave", disse Érika.
Vice-campeã em 2013 e medalhista de bronze em 2014 em campeonatos mundiais, ela agora está na galeria de campeões. E ainda dá, ao Brasil, seu primeiro ouro continental na categoria. Até hoje, nenhuma brasileira tinha chegado ao topo do pódio nos meio-leves.
Como aconteceu com Felipe Kitadai, a mudança de mentalidade de Érika Miranda também veio com mudanças de treinos. Entre 2011 e 2012, a brasiliense aceitou o convite de Rosicléia Campos e deixou Minas Gerais para treinar no Flamengo. O clube carioca fechou seu projeto olímpico no ano seguinte, mas a confiança já tinha sido conquistada.
Desde então, ela conquistou três vezes o campeonato pan-americano (que, é bom ressaltar, é um torneio diferente dos Jogos Pan-Americanos). Seus três títulos em Grand Slams começaram nesse mesmo período. Em 2011 ela venceu no Rio. Em 2012, em Moscou. No ano passado, em Baku.
Em Toronto, ela mostrou essa maturidade. Na semifinal, contra a equatoriana Diana Diaz, a virada veio só aos 28s. Contra a canadense Guica, não deu bola para a torcida contra.