Kitadai leva ippon em poucos segundos e fica com a prata no Pan

Bruno Doro

Do UOL, em Toronto (CAN)

Favorito à conquista do ouro no Pan, Felipe Kitadai levou um ippon do equatoriano Lenin Preciado em segundos e teve de se contentar com a prata. Na saída do tatame, ele abraçou a mãe e o pai e pediu desculpas. Ele esperava o primeiro lugar, é claro, mas também não ficou lamentando o vice. 

"Não é que ele pediu desculpa pela prata. É pelo escorregão na hora. Ele está assim pelo esforço", disse Lurdes, a mãe de Kitadai, em entrevista ao UOL Esporte. 

"É importante essa medalha para mim. Eu cheguei aqui sem nada. Eu não perdi o outro, eu ganhei a prata. A final poderia ser diferente, mas a prata é ótima", disse Kitadai, para em seguida explicar o golpe que lhe custou o primeiro lugar. "Eu tentei uma reversão que deu errada, escorreguei, caí de costas e acabou", disse o brasileiro ao Sportv.  

"O Felipe errou na pegada, ao tentar tocar a pegada. Ele já tinha vencido assim antes, mas era a estratégia errada. Ele ainda tentou reverter, mas não conseguiu", disse Luiz Shinohara, técnico de Kitadai. 

O revés inesperado adiou o primeiro ouro do Brasil no Pan de Toronto, que viria minutos depois com Érika Miranda. No primeiro dia de disputas, o país conseguiu um bronze no judô e cinco quartos lugares em diferentes modalidade. Kitadai, com um histórico todo favorável, era a primeira grande aposta de ouro, mas falhou. 

Mesmo assim, sobram motivos para o judoca comemorar. Kitadai recuperou o orgulho da categoria mais leve do judô masculino. Com atletas de até 60kg, os ligeiros já foram o grande orgulho da modalidade no país. Luis Shinohara, atual técnico da seleção masculina de judô, é um dos recordistas brasileiros em medalhas em Jogos Pan-Americanos. Tem três medalhas, um ouro (1979), uma prata (1983) e um bronze (1975). Fúlvio Myiata, outro técnico que está no Canadá, já foi bronze em Mundiais (1997).

Kitadai faz parte desta lista de magrinhos de sucesso. E já é seu principal ícone. Neste sábado, porém, ele acabou surpreendido. Campeão pan-americano em Guadalajara em 2011, ele foi superado por Lenin Preciado, um equatoriano com poucos títulos de expressão antes de Toronto-2015. Suas conquistas se resumiam a dois bronzes em campeonatos pan-americanos – que são um evento diferente dos Jogos que estão sendo realizados no Canadá.
 
A derrota na decisão também mantém os ligeiros empatados na luta pelo status de categoria mais vitoriosa do judô masculino brasileiro. As atletas de até 60kg têm cinco ouros em Pans, o mesmo que os meio-pesados - o representante brasileiro em Toronto é o campeão mundial de 2007 de Luciano Correa e luta no dia 14.
 
Mesmo assim, a ascensão do brasileiro, principalmente com a medalha olímpica de 2012, conseguiu recuperar uma categoria que estava em busca de um ícone há algum tempo. Após os Jogos Olímpicos de 2008, o técnico Shinohara admitiu que a categoria precisava de um trabalho específico. Criou um grupo específico para trabalhar com os atletas mais leves. Kitadai foi o que mais lucrou com esse processo. Desde 2012, fez seis finais em Campeonatos Pan-Americanos. Perdeu uma vez só.
 
Outro ponto importante no sucesso do lutador foi sua mudança de São Paulo para Porto Alegre. Antes do Pan de 2011, ele trocou São Paulo por Porto Alegre, para treinar na Sogipa. No clube gaúcho, ele passou a treinar com o técnico Kiko Pereira, que revelou o bicampeão mundial João Derly e a campeã mundial Mayra Aguiar. Kitadai é a terceira estrela do trio.

UOL Cursos Online

Todos os cursos