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21/07/2007 - 19h54

Diferença de idade não é desculpa para eliminação da sub-17

Rodrigo Bertolotto
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

O atacante Edmundo Zura, 23, fez a diferença para a classificação do Equador e a eliminação do Brasil sub-17 no torneio de futebol dos Jogos Pan-Americanos. Além de um gol, ele deu assistência para dois outros e infernizou a zaga juvenil do Brasil.

N"Bate uma tristeza, um nervosismo. A CBF tinha confiança na gente, deu crédito, mas não conseguimos." O corintiano Lulinha, 17 anos, sai do gramado do Maracanã vaiado como todo o time sub-17 que representou o país neste Pan-Americano.

Ele fez três gols na estréia contra Honduras e já tinha a credencial de liderar a seleção na campanha vitoriosa no Sul-Americano deste ano. Mas a derrota para um Equador sub-20 por 4 a 2 acabou com o sonho de projeção que uma medalha dourada daria.

"Todo mundo pôs confiança em mim. Imaginavam ganhar um medalha de ouro pelos pés do Lulinha. Não deu, a vida continua", disse na entrevista coletiva pós-derrota, antes de uma bufada que demonstrava os sentimentos presos na garganta.

"Quem é homem não fala só quando ganha, mas também quando perde. Estou aqui para falar com vocês. Coloco minha cara para bater", soltou diante dos microfones. No elevador, descendo para o ônibus, deixou cair uma lágrima.
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Mesmo assim, o técnico brasileiro preferiu não culpá-lo pela queda nacional. "Não adianta arrumar desculpas alternativas. Mas a diferença de idade é muito grande. Ele jogava a bola na frente, arrancava, ganhava na corrida e no tranco", apontou Lucho Nizzo.

Lulinha seguiu o superior hierárquico. "Nós já sabíamos que os rivais eram mais velhos. Vencemos de Honduras e Costa Rica, que tinham jogadores mais velhos. Estávamos preparados", disse.

Com passagens pela seleção principal, Zura joga no Imbabura, time que ajudou com seus gols a subir para a primeira divisão equatoriana. "Estou emocionado por ganhar no Maracanã", afirmou o corpulento atacante.

O técnico brasileiro apontou que a tática e a função de Zura foram preponderantes para o resultado. "Eles jogaram com um só atacante e apostando no nosso erro. Nós tivemos muita ansiedade para virar o placar, mas não encaixamos o jogo", analisou o técnico, apontando que seu trabalho como técnico de formação é conter um grupo imaturo. "O desafio era equilibrar ataque e defesa. Segurar o ímpeto. Mas demos um cochilada no final do primeiro tempo inadmissível, depois tínhamos que retomar as rédeas do jogo, mas não conseguimos", disse.

Ele não poupou, contudo, o zagueiro Forster, que joga na Inter-RS, por sua expulsão aos 16min do segundo tempo, quando o placar estava 2 a 1 para os visitantes. "Isso desarticulou o sistema defensivo. Foi determinante para não conseguirmos virar o jogo. Faltou maturidade para ele", criticou. O novato gaúcho se defendeu. "O cara simulou que eu dei uma cotovelada nele. Nem toquei. Não me arrependo do que fiz", disse sobre o lance do cartão vermelho.

"O grupo todo não foi bem, não foi só o Lulinha. Podíamos jogar a tarde inteira que não venceríamos", declarou.

Nizzo também se disse "revoltado" com a eliminação. "Era a minha chance de aparecer para a grande mídia, o grande público. A dos meninos também. Mas, temos de ter cuidado para não rotular esses meninos", se preocupou.

Já o técnico do Equador, Sixto Vizuete, estava exultante. Durante a entrevista coletiva, ele atendeu seu celular. "Ganhamos de 4 a 2. Estou na entrevista coletiva. Não posso falar agora", cochichou no telefone antes de desligar.

"Era minha mulher perguntando se eu voltava para Quito na segunda. Vou ter que contar para ela que vou ficar mais uma semana no Rio", se divertiu o visitante diante dos jornalistas - nenhum deles equatoriano. Os semifinalistas Equador, Jamaica, Bolívia e México farão jogos de luxo em um Maracanã decepcionado pela eliminação precoce dos brasileiros.