Bronze no Pan, sargento faz vaquinha e vídeo de humor para ir às Olimpíadas

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

A saga de um atleta para disputar as Olimpíadas não é fácil e nem mesmo uma medalha nos Jogos Pan-Americanos se torna garantia de uma vaga. O atleta de badminton Alex Tjong conquistou o bronze em Toronto e ainda assim terá que se virar para conseguir ir ao Rio-2016 com direito a vaquinha e até vídeos de humor.

Alex ficou com o bronze nas duplas mistas do Pan ao lado de Lohaynny Vicente ao perder a semifinal para a dupla canadense Toby NG e Alex Bruce por 2 sets a 0. Na modalidade não há a disputa de terceiro lugar.

A medalha foi comemorada, mas sua luta para realizar o sonho de disputar as Olimpíadas está apenas começando. Ele precisa ser o melhor brasileiro ranqueado, já que o Brasil tem uma vaga garantida para o masculino e para o feminino por ser o país sede do evento.

Para alcançar a meta, Alex trava uma briga particular com seu amigo Daniel Paiola e precisa melhorar seu ranking no ano olímpico que vai até abril de 2016. Mas a confederação brasileira de badminton não tem verba suficiente para arcar com as despesas de todas as competições que ele precisa participar.

Diante da dificuldade de encontrar patrocínios, ele decidiu fazer um crowdfunding (financiamento coletivo) para disputar sete torneios extras e aumentar suas chances.

 "As Olimpíadas são o sonho de qualquer atleta desde criança, há anos fico imaginando. Em 2004 acompanhei os Jogos de Atenas e pensei 'preciso um dia estar aqui'. Então eu sempre pensei em 2016, independentemente de onde fosse seria um sonho indescritível. Mas jogar em casa dá um gosto especial, perto dos amigos, da família, da torcida brasileira que canta e vibra junto, é muito especial mesmo".

Além dos treinos e do Pan-Americano, Alex tem se dedicado à campanha e usado sua criatividade. Ele faz até vídeos de humor para agradecer às pessoas e empresas que contribuem e atrair a atenção de quem quiser colaborar e ajuda-lo a realizar o sonho.

Nos vídeos que ele posta nas redes sociais, já imitou um chinês e falou mandarim, fez declarações de amor para a namorada Gabriela e até simulou estar em um divã para se referir a uma colaboradora que é psicológica.

"É complicado, toma bastante tempo, é um pouco desgastante, fico muitos dias pensando na campanha, montando os vídeos, mas ao mesmo tempo é bom. É bom porque mantém o meu foco no badminton e é uma diversão fazer os vídeos de agradecimento. Fica mais divertido e acaba sendo menos cansativo".

"Se eu fizesse sério, seria só mais um vídeo e acabaria ficando chato. Decidi fazer algo personalizado para cada um para ficar divertido e para as pessoas terem interesse em ver".

Alex espera que a medalha aumente as contribuições. "Espero que me ajude na questão da visibilidade e na ajuda para jogar outros torneios internacionais". 

Mas todo esse esforço não é novidade para Alex. Além da rotina pesada de treinos e da campanha, ele ainda faz parte do serviço militar para aumentar seus rendimentos mensais. Ele é sargento da Força Aérea Brasileira e chegou a fazer um treinamento de três semanas na base do Rio de Janeiro. Até hoje ele precisa comparecer em eventos oficiais.

Apesar de saber as dificuldades que um atleta de uma modalidade sem tradição no Brasil enfrenta, ele é otimista e acredita que o cenário hoje é muito melhor.

"O badminton está crescendo, meus antecessores não viviam de badminton, hoje podemos dizer que a gente vive de badminton. É difícil, tem que se virar para buscar ajuda da família, bolsa atleta, se preocupar com os resultados para ter bolsa atleta internacional. É um desgaste. O badminton por ser um esporte pequeno ainda tem muitas dificuldades e isso atrapalha. Outros esportes têm um nível financeiro diferenciado, se eu fosse da natação ou do tênis com certeza eu acharia patrocínio com mais facilidade".

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