Campeã mundial, Rafaela Silva fica com o bronze no Pan de Toronto
Bruno Doro
Do UOL, em Toronto (Canadá)
Rafaela Silva é uma das atletas mais consistentes da seleção brasileira de judô. Aos 23 anos, ela tem duas medalhas em Mundiais, uma delas de ouro, e já tinha sido prata no Pan há quatro anos. Neste domingo, a carioca somou mais um pódio à coleção com um bronze em Toronto.
A judoca garantiu o terceiro lugar ao bater a Venezuela Anriquelis Barrios na disputa pelo bronze. Agressiva, ela foi para cima logo no começo da luta e conseguiu jogar a rival de costas no chão. Os árbitros chegaram a marcar ippon, mas voltaram atrás e anotaram um wazari.
Em desvantagem, a venezuela foi para cima e chegou a machucar a boca de Rafaela, que após um choque viu sua boca sangrar por conta do aparelho. No fim, porém, venceu o ataque inicial da brasileira, que venceu a luta e pôde comemorar o bronze.
Na semi, Rafaela havia sido surpreendida pela canadense Catherine Beauchemin-Pinard, que aplicou um ippon na brasileira. "Eu estava apática. Não estava com a energia que eu sempre tenho. No intervalo, todo mundo veio reclamar, perguntando onde tava a Rafa de verdade. Todo mundo disse que eu precisava colocar a cabeça no lugar porque a medalha era importante, mesmo não sendo a de ouro", explicou a judoca.
A recuperação confirma a força da atleta. Seu histórico em Campeonatos Mundiais mostra isso. Em todos os que disputou, lutou por medalhas. Tem um título, em 2013, um segundo lugar, em 2011, e dois quintos lugares, em 2009 e 2014.
Em Jogos Pan-Americanos, também é assim. Ela foi vice-campeã em Guadalajara, em 2011, na sua primeira participação. São duas medalhas seguidas, feito considerável para uma atleta tão jovem. Mesmo assim, sempre que a judoca da Cidade de Deus deixa o tablado sem a medalha de ouro fica uma impressão de que faltou alguma coisa.
Aos 23 anos, Rafaela é uma das mais talentosas atletas que o judô brasileiro já produziu. É forte demais para a sua categoria, sem perder a velocidade. Quando ganhou o título mundial de 2013, o primeiro da história do judô feminino verde-amarelo, já era uma das atletas mais temidas do planeta.
É tão dominante que afastou a concorrência interna: Ketleyn Quadros, medalhista de bronze em 2008 nos leves, subiu de categoria para lutar por uma vaga olímpica em 2016. Giulia Pennalber foi para a luta olímpica, certe de que seu caminho até a vaga de titular da seleção estava bloqueada.
Apenas nos Jogos Olímpicos ela ainda não conseguiu deixar a sua marca. Em Londres-2012, perdeu nas oitavas de final e acabou criticada nas redes sociais. Recebeu ofensas racistas e respondeu.
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