Terra da prata vê metal como 'artigo raro' no Pan
Uma das mais altas cidades do mundo com seus 4.090 m de altitude, Potosi já ostentou outro rótulo de grandeza. Por possuir volumosa quantidade de prata, o município boliviano foi o mais rico do hemisfério ocidental durante o período colonial.
Mas, se no passado a Bolívia se destacou tanto com a prata, no campo esportivo, o contato com o metal é bem menor. Tanto que, nas 14 edições já realizadas dos Jogos Pan-Americanos, o país conquistou apenas uma prata entre as três medalhas que são todo seu tesouro esportivo (tem também dois bronzes).
Embora seja o oitavo maior país das Américas em extensão territorial, a Bolívia tem economia frágil. Um dos centros energéticos mais ricos da América do Sul (perde apenas para a Venezuela), o país tem no gás e no petróleo os principais itens de exportação. Juntos, somam quase 50% do montante total.
A riqueza combustível, inclusive, virou centro de polêmica com o Brasil em 2006, quando Evo Morales assumiu a presidência e decidiu nacionalizar as jazidas. O objetivo do mandatário era elevar de 18% para 50% os impostos sobre as empresas exploradoras de petróleo e gás, alterando as leis locais.
A decisão criou o temor de que os contratos do país com as empresas fossem quebrados, prejudicando o fornecimento de gás e, assim, gerando desabastecimento nos países importadores. A possibilidade, porém, foi afastada por Morales em contato com o presidente Lula.
Outra decisão tomada pelo boliviano atingiu diretamente o esporte. Neste ano, a pasta, atualmente representada por um vice-ministério, deve ser “promovida” a ministério. Para isso, depende principalmente de alteração na Lei de Organização do Poder Executivo (Lope). O fato é que a proposta conta com o incentivo e a vontade de Morales, o principal passo para que a mudança ocorra.
Enquanto isso, para tentar colher melhores resultados no Pan do Rio, o governo aprovou investimento de 800 mil bolivianos (cerca de R$ 200 mil, 30 vezes inferior ao que o Brasil investiu só em 2006 na preparação para o Pan). Grande parte da verba boliviana irá para os atletas com maior potencial de faturar medalhas. Para definir a distribuição dos recursos, o governo utiliza como critério o desempenho nos Jogos Sul-Americanos de 2006, na Argentina.
Medalhistas na competição que envolveu 15 países, Ana García e Wendy Palomeque, do tiro, garantiram 15 mil bolivianos cada (R$ 3.000) para realizar a preparação até julho, enquanto o tenista Mauricio Doria Medina ficou com 20 mil (R$ 5.000), formando o trio que receberá grande parte do incentivo. Com apenas uma prata e dois bronzes, aparece em 33º lugar entre os 39 países que já garantiram ao menos um pódio na história dos Jogos.