Angélica é bronze no Pan e pensa em vender carro para bancar treinos
Fábio Aleixo
Do UOL, em Toronto (CAN)
Principal nome do Brasil nas competições individuais na ginástica rítmica, a paranaense Angélica Kvieczynski conquistou neste domingo a sua primeira medalha nos Jogos Pan-Americanos ao levar o bronze na disputa do arco com a nota de 15,358. Foi superada pelas americanas Laura Zeng (16,833) e Jasmine Kerber (16,300).
Na bola, a atleta de 23 anos ficou apenas com a sexta posição, com 14,366. Na segunda-feira, ainda brigará pelo pódio nas maças e na fita. Mas sua preocupação está mesmo com a preparação que fará para o Mundial de Stuttgart (ALE), em setembro, e para a Olimpíada do Rio de Janeiro, de 2016.
A ginasta se incomoda com a falta de viagens internacionais e de intercâmbio, principalmente em países do Leste Europeu - referências na modalidade.
"O nível de competição aqui está muito alto e será ainda mais nos próximos torneios. As meninas dos Estados Unidos e Canadá estão treinando na Rússia, na Ucrânia. O México tem uma técnica búlgara. E eu não tenho viajado para fora do país. Isso tem pesado muito", afirmou.
Segundo Angélica, a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) nem sequer definiu como será feita a aclimatação para o Mundial alemão.
"Seria muito importante fazer esta aclimatação fora do país, mas não tenho ideia de como será. Eu preciso viajar mais, mas minha família não tem dinheiro para isso. Não descarto nenhuma possibilidade, nem ter que vender meu carro", disse.
"No ano passado, antes do Mundial (em Izmir-TUR) fizemos a aclimatação na Bulgária e foi muito bom. Mas agora não sabemos de nada", disse.
O Mundial da Alemanha valerá vaga na Olimpíada do Rio. Por ser sede, o Brasil já tem vaga assegurada. Assim, a melhor competidora do país garantirá o posto. Outra possibilidade é ficar entre as 24 primeiras colocadas no geral, o que poderia abrir uma outra vaga.
"É muito difícil conseguir isso, mas vou lá com todas as minhas forças", disse.
Atualmente, Angélica treina no clube da Sadia, em Toledo (PR) e além de um salário da agremiação, receber verba da Caixa Econômica Federal - via CBG - e o bolsa atleta internacional no valor mensal de R$ 1.850.
"O clube até me ajudava a pagar algumas viagens, mas agora o dinheiro acabou", afirmou.
No ano passado, Angélica já teve problema em sua participação no Mundial por causa de um erro da CBG. A brasileira deveria se apresentar em quatro provas, mas acabou limitada a duas por restrições ao número de rotinas que cada país poderia apresentar, um limite estabelecido neste ano.