Atleta de projeto social na usina de Itaipu é ouro no Pan
Daniel Brito
Do UOL, em São Paulo
Aos 19 anos, Ana Sátila se tornou a primeira brasileira a ganhar o ouro na canoagem slalom nos Jogos Pan-Americanos. A conquista ocorreu neste domingo na categoria C1, que usa canoas. Passadas três horas ela voltou para pista e foi prata com o caiaque (K1). No masculino Felipe da Silva foi bronze na C1 e Pedro Silva prata na K1.
Além de medalhistas na estreia desta modalidade nos Jogos Pan-Americanos, o trio faz parte do Instituto Meninos do Lago, que trabalha com jovens de comunidades carentes de Foz do Iguaçu (PR) que moram nas imediações da Usina Hidrelétrica de Itaipu.
Para ficar com a primeira posição na C1 Ana terminou o percurso com tempo de 113,01, uma vantagem confortável de 18,42 sobre a medalhista de prata, a americana Colleen Hickey. A canadense Haley Daniels fechou o pódio. Mesmo com a conquista, a brasileira não teve moleza.
""Impressionada com a pista, muito difícil. É um rio com curso natural bem mais forte que as que estamos acostumadas a competir. Até em circuito mundial."
O slalom é a descidas por corredeiras em que os participantes precisam passar por balizas. Vence que fizer o percurso em menos tempo e conforme as penalidades cometidas é adicionado tempo ao resultado final. A diferença sentida por Ana na pista do Pan se explica porque ela num percurso artificial em Foz do Iguaçu.
Nem assim a promissora atleta deixou de fazer bonito duas vezes. Na categoria K1, que começou uma horas depois do previsto por causa da chuva, o atraso só fez demorar um pouco mais para Ana colocar a segunda medalha no peito. A canoísta marcou 97,94 e ficou a apenas 0,02 centésimos da canadense Jazmine Denollander. A terceira colocada foi a americana Ashley Nee que terminou um único centésimo atrás da brasileira.
O resultado nesta categoria é importante por a K1 é uma prova que consta no calendário olímpico e será disputado no Rio 2016. A C1 não está na lista das provas a serem realizadas. Os bons resultados eram esperados porque Ana foi bronze nas quatro etapas da Copa do Mundo. A atleta começou a carreira em Primavera do Leste (MT), mas mudou para o Paraná por causa da infraestrutura oferecida.
O Instituto Meninos do Lagos é bancado pela Hidrelétrica de Itaipu e a Confederação Brasileira de Canoagem. A intenção é ser porta de entrada para jovens de áreas carentes e também trabalhar o esporte de alto rendimento. Nesta última frente é seguida a metodologia da Federação Britânica de Canoagem. Ana é prova de que o esforço tem dado frutos. Aos 16 anos a garota foi a mais jovem integrante da delegação do país nas Olimpíadas de Londres.
A atleta ainda foi campeã mundial júnior e sub-23 na Austrália ano passado. Ela sabe que os resultados podem fazer diferença não só para os iniciantes do projeto, mas em todo o país.
"Vão sair muitos campões do mundo da América (do Sul). Espero inspirar muita gente a praticar este esporte."
Outra cria do instituto é Felipe da Silva que terminou em terceiro lugar no masculino C1. O primeiro foi Casey Elchfeld dos Estados Unidos e Cameron Smedley do Canadá ficou com a prata.
Na categoria C2, que tem este nome porque é feita em duplas, os brasileiros Charles Correa e Anderson Oliveira ficaram com a prata. Eles foram superados pelos americanos Devin Mcewan e Casey Eichfeld, enquanto os argentinos Lucas Rossi e Sebastian Rossi conquistaram o bronze.
Brasileiro repete erro que fez perder vaga para Londres 2012 e perde ouro
Pedro Silva foi o mais rápido na pista pela categoria K1, mas perdeu o ouro por causa de uma penalidade ao tocar uma baliza. Com o desconte ele ficou 1,88 segundos atrás do americano Michal Smolen. A equipe brasileira reclamou da punição e os juízes reviram o vídeo da prova. Foram minutos de agonia até a confirmação da punição e prata para o brasileiro.
Com o problema foram acrescidos dois segundos ao tempo do atleta. Desta maneira, ele ficou com 89,02, sendo 1,88 a mais do que o primeiro colocado. A penalidade ocorreu na barra 10 de um total de 23 balizas. O resultado deixou Pedro bastante irritado.
Foi a segunda vez que o mesmo erro tirou uma grande conquista de Pedro Silva. O atleta perdeu a vaga nas Oimpíadas de Londres porque tocou numa baliza e ficou apenas 13 centésimos de garantir vaga.