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31/07/2007 - 11h56

Brasil perde no tapetão, mas canoagem bate recorde de conquistas

Bruno Doro
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

O Brasil perdeu de forma polêmica, no tapetão e com o barco cubano 1,2 quilos mais leve do que o permitido, o bronze do K2 500 metros. Mas, independentemente do resultado dado pelos juízes, a canoagem verde-amarela já comemora o sucesso no Pan-Americano do Rio de Janeiro.

Quando Nayane Pereira e Ariela Pinto viraram o caiaque logo na largada da final do K2 500 metros, confirmavam o fracasso da canoagem feminina no Pan-Americano do Rio de Janeiro. Apesar de ter chegado em todas as finais, não trouxe nenhuma medalha.

"Acho que sofremos com o psicológico", admitiu o técnico Álvaro Koslowski.
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Foram seis medalhas garantidas na água, uma de ouro, duas de prata e três de bronze. O número já supera Santo Domingo-2003, com cinco pódios, mas também com um ouro e duas pratas.

"O Brasil é uma força emergente no mundo da canoagem. Precisamos lembrar que a modalidade é ainda muito jovem por aqui, mas tem potencial ainda. Na próxima Olimpíada, podemos sonhar com vagas em praticamente todas as categorias. Mas em cinco ou dez anos, talvez em 2016, já possa chegar ao nível de lutar por uma medalha em Olimpíada", diz o técnico húngaro Akos Angyal.

Os destaques do Rio 2007 foram os canoístas, que conquistaram as três primeiras medalhas da história da modalidade. Os três medalhistas, além de compartilhar o ineditismo de suas conquistas, ainda divide histórias de vida de dificuldades.

Os paulistas Wladimir Moreno e Niválter Santos e o baiano Vilson Nascimento são oriundos de projetos sociais de iniciação no esporte. Wladimir e Vilson conquistaram duas medalhas, uma prata no C2 1000 metros e um bronze no C2 500.

"Somos almas gêmeas na canoa. Nem mesmo treinamos para essa prova antes de nos classificar e hoje conquistamos as medalhas. Acho que somos guerreiros. Tanto eu, quanto ele", diz Wladimir, o porta voz da dupla.

Niválter, 19 anos, foi bronze no C1 500 metros. "Esse bronze é uma grande conquista. Eu pratico o esporte só há dois anos e dez meses". Para começar no esporte, ele precisou de dinheiro emprestado e só continuou porque o técnico, Pedro Alves Sena Júnior, o bancou.

Sebastian Cuattrin, que após quatro Jogos Pan-Americanos conquistou seu primeiro ouro no Rio de Janeiro, fez questão de elogiar os companheiros. "O melhor desse time é a união. É muito bom ver esses garotos, que vieram de projetos sociais, darem resultado. Há alguns anos, nós não chegávamos nem perto de países como México e Chile na canoa e hoje estamos acompanhando cubanos", analisa.

Tapetão

Na água, o Brasil ficou fora do pódio na prova do K2 1000 metros masculino. Chegou a comemorar uma decisão preliminar no tapetão, que daria o bronze para Guto Campos e Roberto Maheler. A última decisão dos juízes, porém, manteve o resultado da água, tirando dos brasileiros a medalha.

Inconformada com a decisão, a delegação do Brasil, quarto colocado na prova, afirmou que vai recorrer na tentativa de reconquistar o bronze. "Eles deram uma bicuda na regra da competição. Vamos recorrer do resultado", afirmou o chefe da equipe brasileira Argos Gonçalves Dias ao UOL Esporte.

Ao final de cada disputa, os quatro primeiros barcos são pesados, para conferência de pesos. Os cubanos Jorge Garcia e Maikel Zulueta estavam com um barco 1,2 kg mais leve - este é o motivo do protesto dos brasileiros.