UOL Esporte - Pan 2007
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24/07/2007 - 17h09

Após 11 anos, controverso Barbosa também deixa a seleção

Giancarlo Giampietro
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

Se Janeth foi sucesso de crítica, o Pan marcou também a despedida da seleção brasileira de uma figura um pouco mais controversa, o técnico Antônio Carlos Barbosa, depois de 11 anos à frente da equipe em sua segunda passagem e 19 anos com o cargo no total.

Paulo Bassul, que foi assistente de Barbosa e deixou a seleção em 2004, após os Jogos Olímpicos, assume a vaga, já com missão de ganhar a classificação para Pequim-2008, tendo de concorrer com os Estados Unidos.

O veterano treinador assumiu a equipe em 1997, para suceder Miguel Ângelo da Luz, dirigente responsável pela inédita conquista do título mundial em 1994 e pela medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atlanta-1996. Antes, havia trabalhado de 1976 a 1984.

"Assumi a seleção em dois momentos complicados. O primeiro foi em 1976 e era de terra arrasada, tanto que tive de promover a Hortência e a Paula com 17 e 14 anos (respectivamente). Nem linha de três pontos tinha ainda no jogo. Quando saí, deixei uma base", afirmou.

"Já em 1997 tinha a responsabilidade de manter a equipe no pódio, perdendo a melhor jogadora do mundo, que era a Hortência. E a Paula parou em 1999. Estive sempre em desvantagem", afirmou o técnico. As duas figuras históricas deixaram o elenco, mas o técnico ainda tinha em mãos uma forte base com a própria Janeth, as pivôs Alessandra e Cíntia Tuiu e a armadora Helen.

Novas jogadoras, depois, foram integradas a esse grupo, entre elas a armadora Adrianinha e a ala Micaela, figuras importantes da campanha no Pan. "Formamos uma nova equipe. Tenho orgulho de ter lançado todas as jogadoras que estão nesta seleção, com exceção da Janeth", disse.

Com Barbosa, a seleção foi medalha de bronze nos Jogos Olímpico de Sydney-2000, mas ficou fora do pódio dos últimos três Mundiais - ficou em quarto lugar no ano passado em São Paulo e Alemanha em 1998, e apenas em sétimo na China em 2002 - de Atenas-2004 (outro quarto).

Apesar da escassez de medalhas, o treinador se defende e afirma que o seu time só foi superado por potências - Estados Unidos, Austrália e Rússia - da modalidade.

"Consegui manter o grupo entre os quatro melhores do mundo, o que para nossa realidade é um feito. O basquete feminino no Brasil é um acidente, não temos massificação. Muitas jogadoras estão fora, não há patrocíniio, então sempre temos de valorizar o que fazem essas meninas", afirmou.

Barbosa não é de poupar palavras e dificilmente se contém em entrevistas. "Não faço nada em dúvida. Erro é natural para qualquer técnico. Mas sempre procurei acertar e agir de modo honesto."