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22/07/2007 - 15h42

Técnico pede desculpa, mas argentinos juram handebol do Brasil

Rodrigo Bertolotto
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

O técnico da Argentina, Mauricio Torres, pediu desculpas pelo comportamento de seus comandados, mas os próprios saíram do pavilhão do Riocentro após a prata esperando o próximo confronto com os rivais. "Esse Bruno Santana não é homem. Deu soco nas costas de nossos jogadores todo o jogo. Não é comportamento esportivo", disse o goleiro argentino Fernando Garcia, sobre o quebra-pau faltando 21 segundos para terminar a decisão do handebol pan-americano.

Flávio Florido/UOL
Jogadores da Argentina se irritam com o comportamento de brasileiros na decisão
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A raiva de Juan Carrara e Gonzalo Carou era dirigida ao pivô da confusão, o brasileiro Léo, que acabou não dando entrevista para a imprensa. "Esse garoto em particular faz sempre a mesma coisa. Sempre provoca briga", disparou Carrara. "Ele mostrou a língua para nosso banco. Adora esnobar, sempre cria problema", sentenciou Carou.

Já o comandante argentino preferiu contemporizar. "Quero pedir desculpas pelos incidentes dentro da quadra. Meus jogadores perderam o controle, independentemente das provocações", disse Torres, que declarou que em dez anos à frente da equipe nunca tinha visto pancadaria semelhante.

Por seu lado, Jordi Ribera, técnico do Brasil, parecia um poço de tranqüilidade no meio dos ânimos agitados. "Sou espanhol, já estive dos dois lados [treinou a Argentina nos anos 90] e sei que o componente emocional é forte nesse jogo, mas só lamento e espero que isso não se repita", afirmou na entrevista coletiva.

Para os jogadores brasileiros, os rivais tentaram manchar a vitória clara na conquista do ouro e da vaga olímpica. "Eles não gostaram que estavam perdendo o jogo inteiro e ficaram nervosos. Perderam a cabeça", argumentou Zeba.

O mais revoltado, porém, era o reserva Silvinho, que ganhou um galo na testa e estava com uma bolsa de gelo até a hora do pódio. "Eles tentaram enfeiar nossa festa. É típico deles essa covardia bater por trás", desabafou, apontando o rival Facundo Querin como o autor da porrada.

O jogo ficou parado durante 15 minutos até ser retomado para os 21 segundos finais, em que alguns brasileiros pingavam a bola, enquanto outros cumprimentavam os rivais. Terminada a partida, alguns argentinos responderam aos palavrões da torcida com gestos obscenos e jogando garrafas de água. A torcida e o time brasileiros cantava "vou festejar o teu sofrer, o teu penar" aproveitando que o serviço de som do ginásio colocava a música "Vou festejar", popularizada pela sambista Beth Carvalho.

Na entrega das medalhas, os visitantes foram vaiados, e quatro deles nem subiram ao pódio. Alguns choravam, outros, de braços cruzados, viam a festa brasileira, com direito a batucar no pódio antes de receber as medalhas e gritar "bicampeão", em referência, ao ouro também em Santo Domingo.

O brasileiro Gui definiu bem o ponto de vista de quem estava em quadra: "Handebol é esporte de contato. Quem não gosta deve procurar outro esporte. Provocação é normal, e briga em um jogo Brasil e Argentina acontece até em disputa de par ou ímpar ou dominó."