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22/07/2007 - 12h40

Com briga no final, handebol leva tranqüilo ouro e vaga olímpica

Rodrigo Bertolotto
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

Com menos tensão que se esperava, o handebol do Brasil bateu os rivais argentinos por 30 e 22 neste domingo e como prêmio ganhou o ouro pan-americano e a vaga olímpica. Mas um quebra-pau generalizado no final mostrou a tradicional tensão no ar entre os arquiinimigos. A Força Nacional, com menos homens que cada equipe em quadra, não conseguiu conter os ímpetos a 21 segundos de a partida acabar.

IMAGENS DA FINAL DO PAN
Flávio Florido/UOL
Estrela da vitória brasileira, Bruno Souza tenta arremesso para o gol argentino
Flávio Florido/UOL
Quando faltavam 30 s para o fim do jogo, jogadores se envolveram em uma briga.
Flávio Florido/UOL
Civelli (e) foi o destaque da Argentina, que não conseguiu fazer frente ao Brasil
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Só depois de vários sopapos e chutes, chegou o reforço para separar os briguentos. O entrevero começou com uma perseguição ao atacante Léo e, logo, virou uma batalha campal por cinco minutos até que os ânimos se acalmassem. Alguns torcedores entraram em quadra, mas a maioria se limitou a só xingar os visitantes. Com o Brasil já comemorando, novamente os argentinos foram discutir com Léo.

"Ele provocou o tempo inteiro e ainda mostrou a língua quando vez o último gol. Não sabe ganhar e não sabe perder", criticou o argentino Juan Carrara. "Argentino é covarde só bate por trás. Não vou prestar queixa porque não vou dar chance deles pegarem pena de pagar cesta básica para meu povo", disparou o reserva Silvinho, que ganhou um galo na cabeça na briga.

Ao contrário da decisão apertada e emocionante no Pan anterior, a equipe brasileira manteve boa margem à frente durante todo o jogo. Grande parte dessa tranqüilidade se deveu ao paredão chamado Maik, o goleiro nacional, e à pontaria de Bruno Souza e Léo, que marcaram respectivamente nove e seis tentos.

Desde o começo, a torcida também fez a sua parte vaiando os argentinos e o árbitro quando suas decisões eram contrária aos brasileiros. E cantou "p.q.p., é o melhor goleiro do Brasil" a cada defesa do goleiro Maik e "sou brasileiro com muito orgulho e muito amor", quando os visitantes ameaçavam se aproximar no marcador.

Quando a vantagem se alargava, fazia "ola". E, no final da partida, cantou o hino nacional a plenos pulmões e palmas. Depois, gritava "olé" a cada passe dos atletas nacionais e gritos de "bicampeão" e "vice de novo".

Os goleiros se destacaram, bloqueando vários contra-ataques rivais e fazendo defesas difíceis. Mas o brasileiro, Maik, foi mais eficiente, e a artilheria argentina abusou das bolas por cima do travessão.

Já a dupla nacional Bruno Souza e Léo estava afiada nas tabelinhas e arremates. Resultado: Brasil fechou em 11 a 6 o primeiro tempo, com três gols de cada um. Durante toda a primeira parte, os brasileiros tiveram, no mínimo, o dobro de pontos dos adversários -esse cálculo só não fechou no final do tempo.

No começo do tempo final, os visitantes aproveitaram os brasileiros desconcentrados para se aproximarem em placares como 12 a 8 e 18 a 15 e 20 a 18. A diferença de cinco gols caiu para perigosos dois. A torcida começou a gritar "defesa, defesa" porque Maik já não fazia tanta mágica com as mãos, pés e tronco. Aí surgiu o astro verde-e-amarelo Bruno Souza, com dois gols que devolveram a tranqüilidade à torcida. O marcador voltou a marcar sete gols de diferença como 28 a 21. No final, Léo decretou o 30 a 22, antes da comemoração que gerou toda a confusão.

Os brasileiros também estavam mordidos pela derrota no Mundial da modalidade, em janeiro passado na Alemanha. Sem contar com a estrela Bruno Souza, não-convocado pelo técnico espanhol Jordi Ribera, a equipe perdeu por 22 a 20 na primeira fase da competição.

Quatro anos atrás, no Pan da República Dominicana, Brasil e Argentina fizeram um jogo bem mais emocionante, com direito a empate no tempo normal (24 a 24) e na primeira prorrogação (28 a 28). O jogo só foi decidido no último tempo-extra. Faltando 25 segundos para o fim, Bruno Souza marcou o gol que deu o ouro e a passagem para a Olimpíada de Atenas-2004.

Nas três decisões anteriores (Havana-1991, Mar Del Plata-1995 e Winnipeg-1999) os brasileiros tinham sido derrotados na final pelos cubanos, que se ausentaram de Santo Domingo-2003. Na edição do Rio, mesmo com a deserção do novato Rafael Capote, Cuba voltou e ficou com o bronze, ao bater o Uruguai por 24 a 23.