UOL Esporte - Pan 2007
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18/07/2007 - 13h44

Lamacento e improvisado, beisebol mostra o Pan que deu errado

Rodrigo Bertolotto
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

"Porque não fizeram uma sub-sede em São Paulo, que tem bons estádios?", pergunta o dirigente mexicano Roberto Galán. "É só barro aqui. Como constroem um campo em um terreno pantanoso?", questiona o jogador nicaragüense Jorge Luiz Avellan. "Sou profissional, como arriscar meu joelho nessa lama? Porque não planejaram melhor?", se admira o dominicano Gerônimo Berroa, que já jogou nas Grandes Ligas dos EUA, pelo Oakland.

BEISEBOL: SEDE PROBLEMÁTICA
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Dominicano, em foto que exibe a lama
da sede do beisebol no Rio de Janeiro
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Jogador da Nicarágua posa para foto
diante de campo repleto de lama no Rio
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TIME DO BRASIL FOI PREJUDICADO?
Só o descaso explica a tentativa de sediar o beisebol na Cidade do Rock, famigerada pelos shows lamacentos. O esporte dos bastões foi, de longe, o mais mal-tratado dentro de um Pan que se imagina como ensaio para uma futura Olimpíada carioca.

A lista de problemas é interminável e geraram atrasos que irritaram os apaixonados torcedores e as equipes estrangeiras -os EUA ameaçam abandonar o torneio porque têm amistosos na China a partir do fim-de-semana.

A falta de iluminação adiou um dia. Uma chuva fraca atrasou em outro dia, afinal, o local não tem drenagem nenhuma. Nuvens carregadas nesta quarta ameaçavam novo adiamento. "Isso aqui vai feder", afirmou um dirigente brasileiro que preferiu não se identificar. A garoa fina, contudo, livrou a barra para a organização.

A estrutura do local (provisória e desmontável) é toda ruim. Já seis pessoas se machucaram com boladas pela falta de um alambrado de proteção. O curioso é que a música-tema do filme "Tubarão" toca no sistema de som do estádio, dando um clima de terror para os espectadores.

O placar eletrônico, os computadores e os monitores de TV só funcionaram no terceiro dia do torneio. O barro cerca as instalações. A sucessão de atrasos criou um caos de ingressos, com torcedores brigando com voluntários e gritaria nas bilheterias. Com qualquer ventania, a frágil cobertura da tribuna de imprensa ameaça voar como fez antes da competição começar.

O revelador é que a federação cubana ofereceu assessoria para o comitê organizador, que afirmou meses atrás não precisar da ajuda. Com os microfones ligados, os dirigentes brasileiros de beisebol são diplomáticos, temendo represálias do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), cuja estrutura se mimetiza com o comitê organizador dos Jogos (Co-Rio). Mas, com as câmeras desligadas, eles tem um só adjetivo para o local: "horrível".

Quem mais sofreu, porém, foram os torcedores, muitos vindos de São Paulo ou cariocas paramentados com bonés e camisas de times norte-americanos. Eles levaram luvas do esporte para poder pegar as bolas perdidas, mas entraram em outras perdidas, como a falta de lanchonete no local e a confusão na bilheteria. "Imprensa, imprensa" e "a porrada vai cantar" era algum dos protestos dos torcedores barradas na entrada do jogo desta quarta entre Brasil e EUA.

"Só posso pedir desculpas aos torcedores. Muitos amigos meus vieram na terça de avião de São Paulo para ver o jogo que foi adiado. Até desliguei meu celular de tanta reclamação", confessou Jorge Otsuka, presidente da Confederação Brasileira de Beisebol. "Foi falta de informação na construção do campo que nos levou a essa situação", se justifica. Sobre o porquê de São Paulo não ser sub-sede, ele diz que "a questão foi política".