A permissão do empate na fase de classificação do beisebol vai contra a cultura da modalidade e desagrada aos participantes do Pan.
"Este não é o modo como esporte deveria ser jogado", afirmou o scout Mike Minor, da seleção dos Estados Unidos, que nem sabia da novidade no regulamento e se mostrou surpreso ao ser informado pelo
UOL Esporte.
Com um agenda apertada em seis dias de competição, o congresso técnico decidiu por instaurar o empate na primeira etapa para evitar jogos longos e eventuais mudanças nos horários e datas das partidas. Com o sistema de iluminação nas arenas da Cidade do Rock falho, esse regulamento também vem bem a calhar.
No sábado, México e Venezuela empataram em 2 a 2 após a disputa das nove entradas regularidades. O normal seria a extensão do duelo até que houvesse um vencedor. Mas no Rio cada equipe que terminar com o placar igualado vai ganhar um ponto.
"Isso é péssimo, o empate não existe. Não tem essa de ponto cedido no beisebol. O empate não vale nada. Você perde ou ganha", afirmou o brasileiro Tiago Magalhães. "São todos contra todos", completou o treinador da Nicarágua, Marcos Pérez.
A federação internacional abriu a possibilidade do placar igual em suas regras do ano passado. Mas a mudança foi prontamente descartada para a atual temporada. O Pan, porém, optou pela anormalidade. "Não era o ideal, mas não teve jeito. Não tinha data", afirmou Ricardo Iguchi, chefe da delegação brasileira.
O técnico brasileiro Mitsuyoshi Sato afirmou que não, embora o empate esteja permitido, nenhum time entrará em campo pensando nessa possibilidade. "Não é como no futebol. Ninguém pensa em empatar. Aqui só vai acontecer em decorrência da partida."
Estrategicamente, o regulamento pode deixar os ataques um pouco mais arrojados na nona e última entrada, para tentar ganhar um ponto extra de qualquer maneira. "É estranho. Se você estiver perdendo, esse ponto vai ter gosto de vitória", afirmou o defensor externo Paulo Orlando, que tem vínculo com o Chicago White Sox, um dos principais clubes dos Estados Unidos e do mundo.
O arremessador Kleber Ojima considera que a regra ao menos poupa os jogadores de sua posição (que tem menos trocas) de desgaste. Mas o norte-americano Minor disse que o cansaço não é problema. "Já vi partidas que levaram mais de dois dias."
O defensor externo Anderson Gomes, outro contratado do White Sox, conta que só disputou partidas com empate nas categorias de base. Para, aí sim, evitar o cansaço dos jovens atletas. Como profissional, o máximo que ele já ficou em campo foi por cinco horas. "Mas tem de ficar até ganhar."