UOL Esporte - Pan 2007
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05/07/2007 - 08h30

Reservas, musas gêmeas roubam cena e patrocinador do nado

Claudia Andrade
Em São Paulo

Órfão das gêmeas Isabela e Carolina de Moraes, que eram símbolo do nado sincronizado no país até migrarem para o Cirque du Soleil, o Brasil encontrou em Bia e Branca as sucessoras perfeitas. Loiras e de olhos claros, elas ganharam logo o status de musas do Pan, antes mesmo de conseguir um resultado expressivo no esporte. E, ao contrário das companheiras de equipe, conseguiram até mesmo patrocínio individual de uma empresa de eletrônicos.

Divulgação
Reservas, Bia e Branca encarnam o novo "dueto" do nado sincronizado brasileiro
DUETO "REAL" JÁ PENSA EM PEQUIM
Os compromissos com o patrocinador e o constante assédio da imprensa - não só da esportiva - lota a agenda das atletas e preocupa a técnica Roberta Perillier. "Atrair a mídia é fundamental, mas elas não podem gastar o tempo de treino com isso. Temos de controlar, porque senão elas perdem o foco", ressalta.

A supervisora Mônica Rosas, que será chefe de equipe no Pan, é ainda mais enfática. "Elas fazem sucesso porque realmente são muito bonitas e chamam a atenção para o esporte, mas eu preferiria que elas chamassem a atenção pela eficiência, como era com a Bela e a Carol."

O que desagrada a supervisora é que a maioria das vezes, as gêmeas aparecem em um contexto que exclui o esporte. "Eu não concordo com algumas fotos que não têm nada a ver com a equipe e já passei isso para elas. Elas ainda se revezam na reserva, mas algumas filmagens deram conotação de dueto, que elas não são", afirma.

"Elas não são modelos, se quiserem ser, poderão ser quando deixarem o esporte, mas agora não dá pra tirar foto sensual", completa.

Bia se diz contente por divulgar o esporte e acha que as colegas não têm ciúmes da atenção que ela e sua irmã atraem. "Elas ficam felizes porque alguém conseguiu um patrocínio. Ter um patrocinador ajuda muito", afirma. Ao ser questionada a respeito da grande quantidade de entrevistas, ela faz a ressalva. "É, isso tem que saber dosar."

A atleta admite, contudo, que ela e a irmã Branca já estão sendo confundidas com as antigas gêmeas do nado sincronizado. "Todo mundo acha que a gente é do dueto. Mas não tem que comparar desse jeito. Vontade a gente tem de fazer o dueto, mas isso é uma coisa hierárquica e hoje tem meninas melhores do que a gente", diz.

As atletas da modalidade recebem uma ajuda de custo proveniente dos recursos da Lei Piva. A supervisora lembra, no entanto, que a equipe sempre viaja para competições e treinos fora do país, o que é custeado pelos Correios, que patrocinam a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.

"Eu estou tentando um patrocínio individual que pague um salário para elas. Mas tem que ser para todas as atletas, porque acho que a equipe é muito mais forte como grupo para ações de marketing", acredita.

Michelle Teixeira é a única integrante do time, além das gêmeas Bia e Branca, a ter um patrocínio individual. O patrocinador é da Uniban, universidade localizada em São Paulo - a atleta nasceu no Rio e defende o Flamengo.

"Meu pai é dono de uma agência de propaganda e tentou conseguir patrocínio pra equipe inteira, mas como o pedido foi feito fora da época de orçamento para essa área, foi só no individual mesmo", explica. A agência do pai, aliás, também "paitrocina" individualmente a atleta.