Afro-indiana, Trinidad quer fazer Carnaval no Rio
Colonizada pela Espanha no início do século 17, Trinidad e Tobago passou ao controle britânico dois séculos depois. Com a economia movida pela produção de açúcar, o país sofreu abalo financeiro em 1834, com a libertação dos escravos.
Nesse então, os descendentes de africanos eram maioria no país. Atualmente, ainda correspondem a quase 40% da população total e perdem apenas para seus “substitutos” asiáticos. Com o fim da escravidão, os britânicos recorreram à mão-de-obra oriental, importando para Trinidad principalmente indianos e chineses para reerguer a indústria açucareira.
Por isso, o hindi (predominante no norte da Índia) também é falado pelos trinitários, cujo idioma oficial é o inglês. Embora pertença ao Caribe, o país é, geologicamente, uma extensão da América do Sul. Tanto que apenas 11 quilômetros o separam da Venezuela, que pode ser avistada da costa.
Devido à proximidade territorial e econômica com os sul-americanos, o governo de Trinidad passou a obrigar as escolas a oferecerem aulas de espanhol, para torná-lo a segunda língua do país. Além disso, a expectativa é que até 2010 ao menos 30% dos funcionários públicos falem o idioma.
Mas apesar da orientação para o futuro, Trinidad não nega a influência sofrida pelo domínio britânico e suas raízes africanas. Não é à toa que tem no Carnaval sua principal festa e possui um símbolo nacional oriundo do continente negro.
O steelpan é um instrumento metálico construído a partir de barris de aço usados na exploração do petróleo (principal item de exportação ao lado do gás natural). O responsável por sua criação é desconhecido, mas é consenso que a origem remete à marimba africana.
A primeira banda do estilo (The Neal & Massy Trinidad All-Stars) surgiu durante o carnaval de 1940. É com ele que se toca o calipso trinitino, tradicional ritmo do festejo popular, que assim como no Brasil tem o caráter democrático e reúne foliões fantasiados.
No esporte, as principais manias são críquete e futebol (em 2006, o país disputou sua primeira Copa do Mundo), mas nos Jogos Pan-Americanos, o ciclismo e o atletismo renderam as maiores glórias e fizeram os principais nomes nacionais na competição: o ciclista Roger Gibbon e o velocista Michael Agostini.