ESCOLHA UM ATLETA Athos Schwantes Camila Rodrigues Clarisse Menezes Deise Falci Fernando Linschoten Heitor Shimbo João Souza Maju Marcos Cardoso Patrício Runnacles Renzo Agresta Rhaoni Ruckheim Silvia Rothfeld Taís Rochel

Patrício Runnacles quase chegou aos Jogos Pan-Americanos de Mar Del Plata, quando tinha apenas 20 anos, mas caiu nas eliminatórias e não foi para a Argentina. Mais tarde, em Santo Domingo, mais uma vez o esgrimista viu finalizado o sonho de participar de um Pan, agora por não passar no teste físico.

Em 2007, quando novamente o argentino naturalizado brasileiro pensou que não poderia disputar a competição continental, uma vaga caiu em seu colo. Patrício foi chamado às pressas para substituir Ivan Schwantes, que sofreu uma perfuração em um dos pulmões durante um treinamento no Rio de Janeiro e foi cortado do time brasileiro da esgrima.

O nome desse morador de Curitiba foi divulgado no dia 11 de julho, após a confirmação do corte de Schwantes. Ele logo soube que seria o último brasileiro da equipe. Pela imprensa. "A mídia é muito veloz. A mídia me avisou do acidente [com Ivan], do corte e da minha convocação", lembra Patrício Runnacles. "Ao mesmo tempo em que eu sabia, os meus amigos da Austrália também já estavam sabendo".

Apesar da convocação de última hora, o atleta não lamentou chegar ao Pan devido ao corte de outro companheiro. "Preferiria que não fosse dessa forma. Fico triste por ele, é claro, mas fico aliviado porque sei que ele ficará bem de saúde. É uma janela que se abre para eu realizar um sonho antigo", dizia o esgrimista antes da disputa no Rio de Janeiro.

No entanto, o resultado não foi dos melhores. Ao lado de Athos Schwantes e Fernando Linschoten, ele ficou na oitava e última colocação na prova de espada por equipes.

O único problema causado ao esgrimista por sua participação nos Jogos do Rio foi ter de desmarcar as diversas consultas que teria em julho. Patrício é cirurgião dentista. "Vários pacientes me ligaram para dar os parabéns pela convocação. Aí eu aproveitei para desmarcar os horários que eu tinha com eles", comenta o atleta-dentista.

Durante seis meses, Patrício Runnacles levou a jornada dupla ao seu extremo. Ao longo do dia, alternava sessões físicas, consultas, treinos e mais consultas. Entre janeiro e junho, o atleta não teve folga. Tudo com o intuito de chegar ao Pan.

A quase obsessão por uma competição de grande porte não é por acaso. Além dos Pans de Mar Del Plata e Santo Domingo, ele esteve perto de participar de outros torneios como as Olimpíadas de Atenas, em 2004, Campeonato Mundial e Campeonato Pan-Americano, ambos em 2003. O motivo de não embarcar para os torneios foi um só: os testes físicos.

O mesmo critério que neste ano provocou polêmica dentro da convocação brasileira para os Jogos do Rio já tirou Patrício Runnacles de eventos anteriores. Por isso, ele não pensou duas vezes ao programar sua preparação para 2007. "Neste ano, decidi dar uma ênfase maior à parte física. Foi bom, porque consegui chegar à seletiva", explica o atleta, lembrando depois o ponto negativo da sua opção. "Por causa disso, não fui tão bem na parte técnica. Acabei perdendo a última luta por 15 a 14". A disputa final foi justamente contra Ivan Schwantes.

Aos 32 anos, Patrício Runnacles completa a 'maioridade' na esgrima. Já são 21 anos praticando o esporte, desde que brincou pela primeira vez em uma colônia de férias em Curitiba e nunca mais parou. Ou melhor, durante três anos, preferiu afastar-se do esporte para dedicar-se integralmente à odontologia. Mas quando viu a disputa entre Brasil e Cuba nos Jogos de Winnipeg, em 1999, decidiu voltar.

Influência de alguém para começar no esporte? "Ninguém me incentivou. Eu só gostava mesmo era do Zorro e dos Três Mosqueteiros".

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