Joanna explica continência no pódio: "Tesão de competir pelo Exército"
Fábio Aleixo
Do UOL, em Toronto (CAN)
A repetição do gesto de continência segue sendo um tema importante na participação brasileira nos Jogos Pan-Americanos de Toronto. Conhecida pelas opiniões fortes, Joanna Maranhão falou sobre o assunto e defendeu quem tem se manifestado no pódio.
"Eles sempre nos deixam livres para fazer o que quisermos, mas vejo muito tesão dos atletas em representarem o Exército. Todos os atletas militares sempre fizeram isso, mas por ser o Pan ganha uma dimensão maior. Quem vê de longe não sabe o que se passa em nossa cabeça, o sentido de ser militar", disse a nadadora ao UOL Esporte.
Joanna também é militar, mas não fez o gesto quando ganhou o bronze nos 200m borboleta. Seus colegas Leonardo de Deus e João de Lucca, além do namorado, o judoca Luciano Corrêa, no entanto, levaram a mão espalmada à testa no movimento característico das Forças Armadas.
A repetição chamou a atenção. A declaração de Lyrio faz coro à de Mayra Aguiar, que também disse à reportagem que a continência foi um pedido das Forças Armadas. Leonardo de Deus, por outro lado, chegou a dizer que era iniciativa própria.
Consultado, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) disse ver patriotismo no gesto e chegou a emitir uma nota oficial para explicar seu posicionamento.
"O COB entende, portanto, que a continência, além de regulamentar, quando prestada de forma espontânea e não obrigatória, é uma demonstração de patriotismo, sem qualquer conotação política, perfeitamente compatível com a emoção do atleta ao subir no pódio e se saber vencedor. Segundo muitos deles, representa também um reconhecimento pelo apoio que recebem das Forças Armadas e uma manifestação do orgulho que têm em representar o país", informou o comitê.
Nesta quarta, Manuella Lyrio, atleta militar desde 2013, foi bronze nos 200m livre feminino e, em tese, bateria continência no pódio como os outros esportistas que têm ligação com o Exército. Ela faria isso, não fosse por um pequeno problema.
"É muita emoção e na hora, lá em cima, eu nem lembrei. Pedem para fazer a continência por respeito", explicou Manuella Lyrio ao UOL Esporte.