Quando as cinco meninas da ginástica rítmica brasileira subiram ao pódio do Pan-Americano do Rio de Janeiro, para colocar a medalha de ouro por equipes, estavam dando um cala-boca em seus críticos. Mesmo com atletas inexperientes, com só uma veterana do último Pan, elas garantiram o tricampeonato.
"No começo, todos foram contra essa renovação, duvidavam da qualidade das meninas. Mas fomos evoluindo aos poucos. Às vezes, me parece que o esporte brasileiro só pode ser feito de mitos, que não existe renovação. Essa medalha de ouro prova que as coisas não são bem assim", reclama a treinadora Monika Queiroz.
Com o quinteto formado por Tayanne Mantovaneli, veterana das Olimpíadas de Atenas e do Pan de Santo Domingo, Nicole Muller, Marcela Menezes, Daniela Leite e Luisa Matsuo, o Brasil conquistou o ouro por equipes e nos dois aparelhos (três arcos e duas maças/cinco cordas). O país ainda conquistou um bronze, no individual, com Ana Paula Scheffer no arco.
"O resultado foi o melhor possível. Não podia ser diferente. Foram muitos anos de treino para chegar até aqui. Fizemos tudo o que planejamos e a avaliação é bem positiva", analisa Nicole Muller.
Em Santo Domingo, a melhor participação brasileira até o Rio, o Brasil fez uma campanha idêntica, com três ouros por equipe e um bronze individual, mas desta vez nas maças, com Tayanne Mantovanelli, que um ano depois migrou para o conjunto.
Exemplos de persistênciaAtleta mais experiente da seleção, Tayanne chegou perto de abandonar o esporte. A atleta sofre com uma lesão crônica no joelho esquerdo e parou de treinar depois das Olimpíadas de Atenas-2004. Só voltou no ano passado.
"Achei que não ia voltar mais. Depois de 2004, eu andei parada e voltei de lesão só em 2006. Como já tinha passado pela experiência de Atenas no conjunto, senti que poderia ajudar. Foi a melhor coisa que fiz", diz a ginasta, de 20 anos, dona da primeira medalha individual da modalidade em Pan-Americanos, em Santo Domingo.
Outra história de persistência foi a da baiana Marcela Menezes. Com 21 anos, ela foi excluída da seleção do Pan de 2003, mas continuou batalhando até chegar à seleção. "Ela é a mais velha do grupo, mas nunca tinha chegado à seleção. Foi sempre reprovada, mas merecia uma chance", elogiou a técnica Monika.
"Esse ouro representa muitos anos de treinamento. Chegamos ao Pan com tranqüilidade e maturidade e conseguimos fazer exatamente o que treinamos. Agora, quero chegar às Olimpíadas. Mas esse já foi um passo muito grande", disse Marcela.