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O abocanhador de medalhas para o Brasil

Divulgação

Vânia, ouro em 1999, faz parte do clã Ishii, famoso pelas medalhas no judô

O judô tornou-se conhecido no Brasil na primeira década do século 20, quando foi trazido por uma comitiva de lutadores japoneses itinerantes que se exibia na América do Sul. Vinda do Chile e da Argentina, a trupe fez apresentações em Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Belém e Manaus, onde alguns deles se estabeleceram e começaram a dar aulas para os habitantes da cidade nas instalações do Atlético Rio Negro.
Em 1917, Mitsuo Maeda, chamado o Conde Koma, um dos principais integrantes daquele grupo original, retornou ao Brasil para se estabelecer em Belém do Pará. Maeda trabalhou na Companhia Industrial Amazonense. Paralelamente, começou a ensinar judô na cidade.

Em 1925, outro japonês, Takaji Saigo, tentou divulgar o judô na cidade de São Paulo, sem sucesso. Três anos mais tarde, o lutador Géo Mori passou a se apresentar em circos, aceitando desafios para lutar. Isso estimulou o surgimento de outros lutadores, principalmente nas cidades de Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Aos poucos, o esporte tornou-se popular, principalmente com a chegada dos imigrantes japoneses no pós-guerra. Entretanto, apenas em 18 de março de 1969, foi fundada a Confederação Brasileira de judô.

Seis anos antes, porém, nos Jogos Pan-Americanos de São Paulo (63), o judô era disputado pela primeira vez. O Brasil conquistou três medalhas na ocasião. Na época inéditas, elas seriam uma tradição do esporte em Pans. Lhofei Shiozawa conseguiu o único ouro e mais tarde se consagraria por ser o primeiro tupiniquim no judô na Olimpíada (em 1964 - Tóquio). Jorge Mehdi e Milton Lovato foram prata no evento paulistano.

Em Olimpíada, a primeira medalha aconteceu em 1972, em Munique. Chiaki Ishii, japonês naturalizado brasileiro, foi bronze na categoria meio-pesado. Ishii foi o primeiro da dinastia da família no judô. Nove depois, no Pan de Caracas, Tânia Ishii - sua filha mais velha - faria história ao ser a primeira medalhista mulher brasileira nos Jogos. Naquele mesmo ano, Carla Lívia Muller Duarte e Soraia André também conquistaram o bronze.

A primeira medalha de ouro feminina foi conquistada no Pan seguinte, em 1987, em Indianápolis com Mônica Angelucci e Soraya André. Naquele mesmo ano também, o Brasil conseguiu o melhor resultado do esporte nas Olimpíadas das Américas até hoje. Foram cinco ouros - incluindo um de Aurélio Miguel, que um ano depois seria ouro nos Jogos Olímpicos de Seul -, três pratas e quatro bronzes.

Vânia Ishii, a filha mais nova de Chiaki, seguiu a tradição da família no Pan de 1999, em Winnipeg. Foi o único ouro brasileiro naquela disputa. Em 2003, conseguiu mais uma prata. No Pan do Rio, ela estará de fora por perder a seletiva para a novata Danielle Yuri.

Em 2003, outro feito. Com o ouro conquistado, Flávio Canto, que também estará no Rio, conseguiu igualar o recorde de Luiz Shinoara - atual técnico da seleção masculina - de medalhas em Jogos Pan-Americanos. Além da medalha de Santo Domingo, Canto tem um bronze em 1995 (Mar del Plata) e uma prata em 1999 (Winnipeg).