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Boxe brasileiro sente saudade do último ouro

EFE

Waldomiro Pinto, medalha de ouro no peso galo no Pan de 1959, em Chicago

O boxe começou a ser praticado no Brasil por volta de 1920, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. A mais antiga federação do esporte é a Federação Carioca de Boxe, criada em 5 de março de 1933, filiando-se no mesmo ano à Confederação Latino-Americana.

A Federação Carioca foi reorganizada em 3 de agosto de 1935, com a denominação de Federação Brasileira de Pugilismo, posteriormente Confederação Brasileira de Pugilismo, em 1941. Na época, a CBP cuidava de outros esportes vinculados à luta: caratê, judô, capoeira, artes marciais, luta livre e greco-romana etc. Em 1998, uma mudança nos estatutos alterou a denominação para Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe), cuidando especificamente do boxe olímpico, considerado amador.

Em Olimpíadas, Ralph Zumbano, Vicente dos Santos, Manoel Francisco do Nascimento e José Nascimento Dias foram os quatro primeiros atletas a defender o Brasil, nos Jogos de Londres, em 1948. Zumbano conseguiu a melhor campanha, com duas vitórias antes da derrota para o húngaro Tibor Csik. Em Helsinque-1952, o número de lutadores do Brasil cresceu para sete. Pedro Galasso, Celestino Pinto, Alexandre Dib, Paulo de Jesus, Nelson Andrade, Lucio Grotone e Jorge Isaías de Carvalho foram os nomes do Brasil na Finlândia.

Um ano antes, na estréia dos Jogos Pan-Americanos, em Buenos Aires (Argentina), em 1951, dois dos boxeadores da Olimpíada da Finlândia entrariam para história. Lúcio Grottone pela prata e Pedro Galasso por uma luta com o atleta local Francisco Núñez. Apesar de não ficar com nenhuma medalha, Galasso foi ovacionado pela derrota, tanto pela torcida quanto pelo presidente Juan Domingo Perón, que desceu do palanque para cumprimentá-lo. Paulo Sacoman completaria a festa e ficaria com mais outro vice-campeonato.

No Pan de 1955, a primeira medalha de ouro. Luiz Inácio, o Luisão, subiu ao ponto mais alto do pódio na Cidade do México, época em que o Brasil assustava dentro dos ringues.

Um ano mais tarde, Éder Jofre, foi um dos dois atletas brasileiros do boxe em Melbourne-1956. Ainda como amador, Jofre venceu na primeira rodada, mas, na segunda, acabou caindo diante do argentino Cláudio Barrientos. Sem nunca ter ido a um Pan como boxeador, Jofre ajudou seu pai, Kid Jofre, técnico da equipe brasileira. Em 1959, em Chicago, o ex-campeão mundial dos galos foi aos EUA como sparring da seleção.

E deu certo. O Brasil voltou com dois ouros no esporte. Um de Waldomiro Claudiano Pinto e outro de Abraão Francisco de Souza. Um recorde até então. Só seria superado em 1963, no primeiro Pan no Brasil. Em São Paulo, foram três medalhas douradas com Luiz Leonidas César, Elcio Neves e Rosemiro Mateus Santos.

Com a saída de Kid Jofre do córner da seleção, o Brasil não assustava mais os rivais na América. Nos Jogos que se seguiram nenhum atleta conseguiu um ouro.

A maior alegria do boxe amador brasileiro, porém, ficou por conta de Servílio de Oliveira. Nos Jogos da Cidade do México, em 1968, ele conseguiu finalmente a primeira (e até agora única) medalha olímpica. Na semifinal perdeu para o mexicano Ricardo Delgado e ficou com o bronze na categoria mosca.

A partir daí, o boxe amador serviu de trampolim para o profissional. O então desconhecido Acelino Freitas disputou o Pan de 1995 e conseguiu a medalha de prata. Mais tarde, ele viraria Popó e conseguiria quatro cinturões pelas organizações mundiais de boxe profissional.

Valdemir Pereira seguiu os passos. Também baiano, ele foi à Olimpíada de Sydney e caiu na segunda rodada. Pouco menos de cinco anos depois, ele seria o quarto brasileiro na história (após Jofre, Miguel de Oliveira e o próprio Popó) a conseguir um título mundial profissional.

Para o Pan do Rio, o Brasil leva três atletas que estiveram nas Olimpíadas de Atenas: Myke Carvalho, Glaucélio Abreu e Washington Silva.