Data e local de nascimento:
11/08/1969, em Cruzeiro D'Oeste (PR)
Peso/Altura:
54 kg / 1,68 m
Residência:
Maringá (PR)
Prova:
Maratona
Participações no Pan:
Winnipeg-1999, Santo Domingo-2003 e Rio-2007
Campanha no Pan-2007:
Abandonou a prova
Vanderlei Cordeiro
Estrela do esporte nacional, Vanderlei Cordeiro de Lima foi porta-bandeira do Brasil na cerimônia de abertura do Pan-Americano, e chegou para a disputa da maratona como favorito absoluto. Mas a busca do tricampeonato terminou no quilômetro 38 da prova, quando abandonou por sentir cãibras.
Com a vitória de Franck Caldeira, que fechou a conta de ouros do atletismo para o Brasil com a nona medalha, Vanderlei sentiu-se à vontade para dizer que não estava decepcionado. "Saio com a cabeça erguida. Franck honrou nosso Pan e isso já me deixa realizado"
A preparação de Vanderlei para a busca do tricampeonato incluiu um período de treinos na altitude de Paipa, na Colômbia, como fez também antes de ir para Atenas. Foi nas Olimpíadas de 2004 que o brasileiro entrou para a história do esporte. Quando liderava a prova com mais de 40 segundos de vantagem, na altura do quilômetro 36, ele foi empurrado por um expectador, o padre irlandês Cornelius Horan. Vanderlei foi ajudado pelo grego Polyvios Kossivas, que estava acompanhando a corrida, voltou para a prova, foi ultrapassado, mas conseguiu levar o bronze para se tornar o primeiro brasileiro a ganhar uma medalha na maratona olímpica.
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) entraram com recurso para que o maratonista também recebesse uma medalha de ouro, mas o pedido foi negado pela Federação Internacional das Associações de Atletismo (IAAF).
Sem se importar com a decisão, Vanderlei tratou de repetir o famoso “aviãozinho” – movimento com o qual comemorou sua conquista, ao cruzar a linha de chegada em Atenas – em todas as cerimônias das quais participou. E foram muitas.
Eleito o melhor atleta do país de 2004, ele foi homenageado junto com Kossivas na entrega do prêmio Brasil Olímpico, organizado pelo COB. Vanderlei também recebeu do Comitê Olímpico Internacional a medalha Barão Pierre de Coubertin, por seu espírito esportivo.
Depois de encerrar a série de eventos, o atleta voltou para as pistas. Mas, como não venceu nenhuma maratona internacional depois dos Jogos Olímpicos, o Pan será uma chance de Vanderlei voltar a se destacar e atrair a atenção dos holofotes. Ele se classificou com o tempo de 2h11min36, registrado em outubro do ano passado, na maratona de Amsterdã, que o colocou em segundo lugar no ranking brasileiro, o suficiente para ser convocado.
Nascido em Cruzeiro D’Oeste, o paranaense Vanderlei foi criado em Tapira, também no Paraná. Começou a trabalhar cedo em lavouras, como bóia-fria, acompanhando o pai, José Cordeiro de Lima. O garoto Bodega, que tinha mais nove irmãos, além de muitas lombrigas, entrou no esporte por meio do futebol.
Aos 16 anos, um professor de educação física o viu jogando como lateral na escola e o convidou para disputar os Jogos Regionais como corredor. Apenas três anos depois ele passaria a se dedicar exclusivamente ao atletismo.
Passou alguns anos em Maringá antes de deixar seu estado natal rumo a São Paulo, para integrar a poderosa equipe Funilense, no final dos anos 90. Foi em Tóquio, em 1998, que ele registrou seu melhor tempo em maratonas, 2h08min31, sem vencer a prova. Suas vitórias vieram em outros anos: Reims-1994, Tóquio-1996, São Paulo-2002 e Hamburgo-2004.
A maratona de Atenas foi a sua terceira em Olimpíadas e, de longe, a melhor, já que em Atlanta-1996, ele havia sido apenas 47º, e em Sydney-2000, competiu contundido e foi ainda pior, terminando em 75º. Seu primeiro ouro pan-americano veio com o tempo de 2h17min20, em Winnipeg-99. Quatro anos depois, em Santo Domingo, ele venceu com 2h19min07. Exausto, desabou na pista de atletismo logo após cruzar a linha de chegada.
O abandono da prova no Rio pode ter marcado sua despedida da competição, aos 37 anos de idade. Ele deve, contudo, buscar uma vaga para as Olimpíadas de Pequim, para escrever mais um capítulo em sua carreira. Em março de 2007, Vanderlei lançou "A maratona de uma vida", livro escrito por Renata Adrião D'Angelo, mulher do técnico do maratonista, Renato D'Angelo, e que conta a história do corredor.