História - Ambiciosa, Argentina vê sonhos do Pan naufragar
A cidade costeira fez um Pan modesto, gastando US$ 130 milhões na organização e hospedando os atletas em uma antiga colônia de férias do período peronista, em Chapadmalal, a 40 km dos locais de competição. Porém, a ambição do então presidente argentino, Carlos Menem, era grande. Ele acreditava que o Pan serviria como ensaio para Buenos Aires ser sede da Olimpíada de 2004, assim como pensava que a moeda local (o peso), valendo o mesmo que o dólar norte-americano, levaria o país ao primeiro-mundo. As duas cartadas deram errado.
Apesar de seguir a cartilha neoliberal em moda na América Latina à época, Menem passou sem licitação os direitos de geração e comercialização de imagens para a TV estatal ATC, o que gerou retaliação da OIT (Organização Ibero-Americana de Televisão). Resultado disso, no Brasil esse Pan só foi transmitido na TV aberta pela modesta CNT. A cobertura da festa abertura do Pan foi ainda menor porque no mesmo dia Edmundo era cercado pela polícia equatoriana por chutar um cinegrafista.
O Brasil vivia o tempo em que os bingos bancavam parte do orçamento das federações esportivas, mas os atletas se queixavam que o dinheiro não chegava para as modalidades. “É preciso maior transparência”, reclamou Torben Grael em meio a polêmica da vela durante o Pan.