História - Mesmo sem ajuda soviética, Cuba bate os EUA
Coube a Cuba organizar o Pan justamente quando o bloco socialista desmoronava após a queda do Muro de Berlim, em 1989. A ajuda soviética à ilha caribenha sumiu, e Fidel Castro teve que adotar o mutirão como método para entregar as obras, principalmente a Vila Pan-Americana. Até Javier Sottomayor, recordista mundial do salto em altura, largou o circuito europeu para dar exemplo no canteiro de obras. Resultado: não houve queixa sobre as instalações por parte dos visitantes. Esforço também foi dobrado na preparação dos atletas, o que significou Cuba bater os Estados Unidos no quadro de medalhas, coisa que só aconteceu no primeiro Pan, em 1951, com a Argentina anfitriã.
Por seu lado, os EUA montaram sua base na Flórida, com vôos diários (duração de 45 minutos) para Cuba. Os atletas competiam e voltavam para Tampa. O motivo alegado era que a vila não tinha ar-condicionado e “comida confiável”. Eram tempos da Guerra do Golfo, e o país mais rico do mundo começava a mudar de oponente, trocando os comunistas pelo mundo árabe, principalmente Saddam Hussein e o Iraque.
Já o Brasil vivia o conturbado governo Fernando Collor, que estava em plena campanha para Brasília ser sede da Olimpíada de 2000. Vários membros da delegação brasileira criticavam a iniciativa. "Não oferecem infra-estrutura, nem verba, e vem falar de Olimpíada", disse o técnico do handebol masculino, Antonio Carlos Simões, após ganhar a prata. O projeto ruiu junto com a presidência de Collor em 1993.
Brilharam os mesa-tenistas Cláudio Kano e Hugo Hoyama, o nadador Gustavo Borges, a ginasta Luisa Parente e o velocista Robson Caetano. Mas o ouro do basquete feminino na final batendo Cuba, que rendeu reverência até de Fidel, foi a cena que ficou daquele Pan.