História - São Paulo organiza Pan discreto e lucrativo
São Paulo teve o Pan mais reduzido da história (único com menos de 2.000 atletas), mas com alta voltagem política. Internamente, o país vivia o governo João Goulart, que retomava o poder com a vitória do presidencialismo no plebiscito em janeiro. Já o foco da competição estava nas delegações de Estados Unidos e Cuba, afinal, a crise dos mísseis e a invasão da Baía dos Porcos estavam frescos na memória. No dia da abertura, o jornal Última Hora destacou os esforços da organização para integrar norte-americanos e cubanos.
O primeiro Pan no Brasil utilizou a infra-estrutura já existente na cidade, ao contrário da bilionária versão do Rio em 2007. O evento se concentrou no Pacaembu e em clubes particulares. A única construção foi a Vila Pan-Americana, que atualmente é o CRUSP, a residência dos estudantes da Universidade de São Paulo.
A mitologia em torno da tocha pan-americana ganhou toques nacionais: ela saiu de Brasília, acesa por índios carajás da ilha do Bananal, tendo como trilha sonora o “Canto do Pajé”, de Heitor Villa-Lobos. Foram necessários dez minutos para a fricção da madeira produzisse fogo. A tocha percorreu 1.256 km até chegar ao estádio paulistano do Pacaembu, onde uma revoada de 3.000 pombos e o sobrevôo de caças da FAB foram o ponto alto da cerimônia de abertura.
Aproveitando o fator casa, o Brasil teve sua melhor colocação no quadro de medalhas, segundo lugar. Também lucrou financeiramente: a competição acabou com um superávit, com o qual o Comitê Olímpico Brasileiro comprou sua primeira sede própria, no centro do Rio.