História - Perón e Evita festejam Pan-Americano argentino
A temperatura aumentou na véspera da abertura do primeiro Pan da história. Por um lado, um vendaval destelhou vários locais de competição. Por outro, a polícia de Juan Domingo Perón entrou em confronto com os grevistas do jornal La Prensa, deixando um morto, 14 feridos e a redação ocupada. Os EUA logo protestaram sobre a intervenção do regime peronista na imprensa de oposição.
A Argentina estava em clima pré-eleitoral, com a polêmica sobre Evita ser ou não a candidata a vice de seu marido na eleição presidencial de novembro de 1951, a primeira em que as mulheres votariam no país. O Pan-Americano serviu como propaganda para os peronistas, afinal, os argentinos superaram os norte-americanos no quadro de medalhas (o que só se repetiu em 1991, com os cubanos em primeiro no Pan de Havana).
O sucesso dos anfitriões foi mais uma marca do auge esportivo deles (os platinos colheram ouros olímpicos em Londres-1948 e Helsinque-1952 e depois ficaram 52 anos de jejum). Contribuiu para isso também os EUA não competiram em sete modalidades (hipismo, futebol, ginástica, pólo aquático, remo, tênis e vela) e não mandarem seus universitários, em período de aulas.
A delegação do Brasil teve como heróis o saltador Adhemar Ferreira da Silva (campeão no salto triplo) e o nadador Tetsuo Okamoto (dois ouros, nos 400m e 1500m), com marcas que prenunciavam seus sucessos olímpicos no futuro. Os títulos no pentatlo e no iatismo completaram os feitos nacionais no país vizinho.
Os jornais da época davam mais destaque às batalhas da Guerra da Coréia (1950-1953), para a qual Estados Unidos, Canadá e até a Colômbia mandaram tropas. Nas páginas esportivas, não apareceria o depois costumeiro quadro de medalha. Tudo porque a organização do evento não divulgava a totalização de prêmios porque o clima competitivo não estava de acordo com o "espírito pan-americano".