Jordan era desconhecido em 83, mas roubou a cena no Pan e detonou o Brasil

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

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    Michael Jordan, com a camisa 5 (segundo da esq. para a dir na fila de baixo) foi cestinha dos EUA no Pan

    Michael Jordan, com a camisa 5 (segundo da esq. para a dir na fila de baixo) foi cestinha dos EUA no Pan

Maior jogador de basquete de todos os tempos e  também uma das maiores personalidades do esporte mundial, Michael Jordan já disputou um Pan-Americano. Isso aconteceu em 1983, em Caracas, capital da Venezuela. Claro que naquela época era um desconhecido total do grande público e nem na NBA ainda havia chegado.

Mas aos 20 anos, o jovem roubou a cena e deu mostras de que era uma atleta diferenciado. Foi o cestinha do time americano com 138 pontos em oito jogos (média de 17,3 por partida) e saiu do torneio com a medalha de ouro. Foi a sua primeira grande conquista representando o país.

O ouro Pan-Americano veio um ano após Jordan conquistar seu primeiro e único título universitário, defendendo North Carolina, e um ano antes de ser escolhido pelo Chicago Bulls no Draft da NBA de 1984.

"O grande público não tinha tanta informação sobre quem era Michael Jordan, tanto que as partidas nem lotavam. Ficava muito lugar vazio", diz o ex-ala Marcel, que foi o cestinha da seleção brasileira naquela edição do Pan.

"Naquela época, ele era completamente desconhecido. Nós, no Brasil, tínhamos pouquíssimas informações do basquete universitário, não é como acontece atualmente. Até para saber o que acontecia na NBA era difícil. As fitas das partidas chegavam no país quase um ano depois e quase ninguém tinha vídeo cassete", relembra Guerrinha, que foi armador da seleção brasileira naquela edição do Pan.

"Não tínhamos nenhuma ideia, nem informação. Não conhecíamos nada do universitário. Passávamos a conhecer quando jogávamos contra", complementa o também armador Cadum.

E o Brasil teve pela frente Michael Jordan em duas oportunidades em Caracas. E em ambas, o jovem prodígio roubou a cena. Na primeira fase, anotou 27 pontos na vitória americana por 72 a 69. E isso que a linha de três nem existia ainda.
"Vimos ali que ele era um cara excepcional, completamente fora de esquadro. Naquele jogo, estávamos um dez pontos na frente, e ele (Jordan) ganhou sozinho", conta Marcel.

Dez dias após o primeiro encontro, Brasil e Estados Unidos se enfrentaram de novo, destas vez valendo a medalha de ouro. E os americanos passaram muito menos sufoco para assegurar o título. Venceram por 87 a 79. Jordan foi mais discreto. Anotou 16 pontos  e pegou três rebotes.



"O Marcel foi dar um toco, ele passou por baixo e enterrou de costas. Ele era muito bom, mas não o cara excepcional da NBA. Evoluiu demais com o passar dos anos", diz Guerrinha.

Naquele Pan, Jordan atuou com a camisa de número 5 pela única vez em sua carreira.  E além de brilhar contra o Brasil se destacou nas outras seis partidas. Desde então, os Estados Unidos jamais voltaram a ganhar um ouro no Pan.

Jordan ficou em apartamento que nem porta tinha
Hoje milionário e acostumado com uma vida de luxo, Jordan não se importou nem um pouco ao se chegar para hospedar na Vila Pan-Americana e se deparar com prédios que nem prontos estavam para receber os competidores.

"A Vila não estava pronta. As janelas não tinham sido colocadas, os apartamentos não estavam prontos. Nos olhamos e pensamos: o que está acontecendo? Michael Jordan foi à frente e disse: 'Esta é a Vila dos Atletas. Está tudo OK'. E quando Michael disse isso todos relaxaram", disse em entrevista ao site da NBA Lon Kruger, chefe da delegação americana de basquete.

"Ele disse que não tinha nada que pudéssemos fazer. Disse que estávamos lá para conquistar a medalha e era isso que faríamos", disse o armador Leon Wood.

"Nem mesmo me lembro de ter tomado banho lá (na Vila). Acho que tomamos, mas as instalações não eram as melhores. Se contar que tinha mosquitos em todas as partes", disse Fred Reynolds, outro integrante daquele time.

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