No Parapan, rúgbi em cadeira de rodas tem pit stop para troca de pneus
Felipe Pereira
Do UOL, emToronto (CAN)
O rúgbi no Parapan parece um bate-bate (carro de choque) do tanto que as cadeiras de rodas colidem uma na outra durante a partida. Os atletas usam o equipamento para bloquear a passagem dos oponentes e as pancadas são tão fortes que chegam a virar as cadeiras. O som seco das batidas é ouvido no ginásio inteiro e não é raro que reparos sejam necessários.
O sistema de som anuncia e entram em quadra dois assistentes que fazem a função de mecânicos. Enquanto uma música que lembra desenho do Pernalonga toca a dupla conserta as cadeiras, troca pneus e o que mais for preciso. Jorge Peña é o encarregado de reparar as cadeiras de rodas da seleção colombiana.
Ele conta que o problema mais comuns é as barras ao redor do equipamento que funcionam como uma espécie de para-choques entortarem e pegarem na borracha do pneu. O atleta fica mais lento ou sequer consegue sair do lugar. Quando isto ocorre os mecânicos entram em cena de marreta na mão e arrumam tudo bem rápido.
Outro problema recorrente apontado por Jorge são os pneus furados. Por este motivo são levados 16 estepes para a quadra. A prática dos assistentes faz a troca parecer um pit stop de tão rápida. O colombiano ressalta que cada roda é personalizada e jogar na cadeira de um companheiro significaria perda de rendimento, por isso o número elevado de estepes.
Chuck French é o mecânico da seleção de rúgbi em cadeira de rodas do Estados Unidos, uma das mais forte do mundo. Ele explica que os equipamentos são feitos com ligas materiais especiais para melhorar o desempenho. O alumínio é usado para diminuir o peso e aumentar a velocidade. O titânio dá resistência porque o adversário não hesita em bater com a maior velocidade possível.
Mas o trabalho visto em quadra é somente parte das funções dos mecânicos. Quando os casos são mais graves é preciso recorrer a um serviço que lembra o de funilarias. Torneios grandes como o Parapan contam com uma equipe de soldadores, que entra em ação se a cadeira quebrar. Basta marcar hora e resolver os problemas.
Nos torneios de menor estrutura o jeito é levar a cadeira de rodas para o centro de treinamento de cada país e pôr a mão na massa. Como no automobilismo, se o veículo estraga cabe ao mecânico fazer hora extra.