Volta de Joaquim Cruz às pistas cria expectativa entre atletas do Parapan

Felipe Pereira

Do UOL, e Toronto (CAN)

A volta de Joaquim Cruz às competições tem agitado as rodas de conversa no estádio onde é disputado o Parapan de Toronto. Há expectativa de ver o maior velocista da história brasileira em ação novamente como guia da americana Ivone Mosquera-Schmidt, esportista cega que disputa os 1500 metros. A dupla vai correr nesta quinta-feira.

Joaquim Cruz é o único brasileiro do atletismo com medalha de ouro em Olimpíada, conquistada em Los Angeles em 1984. Nos jogos seguintes, em Seul, ele voltou a subir no pódio ficando com a prata. Para efeito de comparação, seu retorno é como se Gustavo Kuerten voltasse a participar de um torneio de tênis ou Romário jogasse o Campeonato Carioca.

Mas a expectativa não está somente entre os brasileiros. Joaquim Cruz mora nos Estados Unidos de 1981 e é tão reconhecido que desde 2005 é o treinador chefe do atletismo paraolímpico do país. Por este motivo a prova dele era comentada por corredores americanos durante a viagem de elevador no estádio na terça-feira.

Tony Mccac é integrante da comissão técnica dos Estados Unidos e explicou que terá a oportunidade de ver um campeão em ação. Ele se diz ansioso e está prevendo um bom resultado. Baseia esta confiança no fato de Joaquim Cruz ter treinado bastante para a prova.

O brasileiro Fernando Martins é testemunha. Ele é guia de Renata Bazone, brasileira que está na mesma categoria que a americana guiada por Joaquim Cruz. A admiração pelo rival não é escondida, mas na hora da corrida ele será apenas um adversário a mais.

Isto não significa ignorar tudo que o medalha de ouro em 1984 representa para o esporte nacional. Fernando tem 22 anos e não viu os feitos do adversário, mas conta que ouviu falar muito. Tornou-se atleta profissional com o técnico contanto feitos de Joaquim Cruz, sempre apontado como uma referência.

"Ele é um dos maiores meio fundistas da história", resume Fernando.

O campeão dos 100 metros rasos no Parapan, Petrúcio Ferreira dos Santos, é outro brasileiro que vai sentar na arquibancada para assistir Joaquim Cruz. Garoto de 19 anos, ele ressalta que a oportunidade é um privilégio por ver uma lenda correr.

Apesar de toda a expectativa criada em torno de seu nome, Joaquim Cruz revelou que não desejava ser guia. Justificou que já está com 52 anos e o tempo cobrou seu preço. Ele disse que nos dois meses de preparação sofreu duas lesões. A participação no Parapan ocorre omente porque não havia alternativas.

Ivone é treinado pelo brasileiro e tem dois guias, mas ambos tiveram problemas com o visto. Ele se viu obrigado a fazer as vezes de guia. Mesmo um cinquentão, a forma física está em dia. Joaquim Cruz explica que adora comer e para não ter restrições a mesa se manteve na ativa.

Mesmo que tudo saia bem e ganhe a prova, o brasileiro garante que é uma situação de exceção que de forma alguma será repetida no Rio 2016. As pessoas que estiverem no estádio da Universidade de York devem ser as últimas a ver o maior nome do atletismo brasileiro em ação. Logo, nada mais justo que o assunto esteja na boca do povo.

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