Em menor número, mulheres representam 32% dos atletas do Parapan
Felipe Pereira
Do UOL, Em Toronto (CAN)
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Washington Alves/MPIX/CPB
Em menor número, o azul do uniforme das mulheres foi menos presente que o verde da roupa dos homens na participação da delegação brasileira na cerimônia de abertura do Parapan
O uniforme escolhido pela delegação brasileira para abertura do Parapan previa verde para os homens e azul para as mulheres. Vista das arquibancadas, a proporção de cores lembrava a bandeira nacional com o verde predominando. A disparidade é consequência de um número muito maior de atletas do sexo masculino – 144 diante de 67.
Dono da maior delegação do Parapan, o Brasil é um resumo do que se vê nos jogos. Em Toronto eles são 830 e há 389 mulheres inscritas, o que representa 32% do total. Atletas do sexo feminino são maioria em apenas cinco delegações. Em compensação, existem seis países que não mandaram uma mulher sequer ao Canadá.
A disparidade é reconhecida pelo Comitê Paralímpico Internacional que afirma estar trabalhando para resolver a situação. Mas o diretor de Mídia e Comunicação da entidade, Craig Spence, afirmou que solução passa pelas entidades nacionais produzirem mais atletas mulheres.
Se a realidade hoje não está longe da ideal hoje, no passado foi muito pior lembra Terezinha Guilhermina, que compete desde o ano 2000 e foi porta bandeira brasileira na cerimônia de abertura. Naquela época as competições pareciam estádios de futebol da década de 1990, eram dominadas por homens.
O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) já usou cotas no passado para estimular a participação de mulheres. O presidente da entidade, Andrew Parsons, conta que a medida foi adotada no halterofilismo. Ele diz que hoje não há mais a exigência porque a resposta foi positiva e o número de esportistas do sexo feminino cresceu.
Causas
Na avaliação do presidente do CPB há duas razões para a diferença no número de inscrições. A primeira é que existem esportes exclusivos para homens, caso do futebol 7 e futebol 5. Por serem modalidades coletivas, contribuem bastante para a disparidade. Além disso, o rúgbi é misto, mas é difícil ter mulheres porque os jogos são um tanto violentos.
Outro motivo apontado é cultural. Parsons lembra que a sociedade é cruel no julgamento das pessoas e isto leva muitas mulheres a não querer colocar um maiô e sair nadar. A exposição e medo de censura desestimula muitas potenciais atletas.
O presidente do CPB ressalta que é um tabu que precisa ser quebrado e o caminho passar por mostrar a face multicampeãs de esportistas como Terezinha. A mulher que ganhou o primeiro par de tênis somente aos 22 anos e donas dos recordes mundiais no 100 metros rasos, 200 metros rasos e 400 metros rasos.