Brasil fecha Pan-2015 dentro da meta do COB. Mas com menos ouros que 2011

Bruno Doro*

Do UOL, em Toronto (CAN)

Os Jogos Pan-Americanos de Toronto terminaram neste domingo (26) com festa no Rogers Centre, o estádio de beisebol da cidade. Para o Brasil, há motivos para comemorar.

O país cumpriu a meta estabelecida pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB): foram 141 pódios, exatamente o mesmo obtido em Guadalajara-2011. E o terceiro lugar no quadro de medalhas. Mais do que isso: foi a primeira vez que o Brasil ficou à frente de Cuba desde 1967.

"Nossa meta era ficar entre os três no quadro de medalhas. E, tirando os três primeiros dias, em que Venezuela, Colômbia e México fizeram uma graça, em função do calendário, nós dominamos o terceiro lugar. Desde 2007 não saímos dessa posição. E desde Winnipeg-1967 não ficávamos à frente de Cuba. Estamos saindo daqui com o primeiro lugar com os esportes coletivos. Estamos levando para casa 300 medalhistas", diz Marcus Vinícius Freire, superintendente do COB. "Chego neste domingo, depois de um mês, super satisfeito com o que a delegação entregou. Lembrando que é uma das delegações mais jovens que já tivemos em Jogos Pan-Americanos. Quase 70% dos atletas têm 25 anos ou menos", completou.

Mesmo assim, não é possível negar que o sinal de alerta acendeu em alguns pontos. Principalmente se lembrarmos que, em pouco menos de um ano, o Brasil será a sede dos Jogos Olímpicos com a expectativa da melhor performance de sua história. No Pan do México, foram 48 medalhas de ouro. No do Canadá, o país sagrou-se campeão 41 vezes.

Esportes em que os brasileiros sempre apostaram decepcionaram. Com só um ouro (de Juliana dos Santos nos 5,000 metros), o atletismo teve um dos piores Pans de sua história - como comparação, em 2011 foram dez de ouro. O judô repetiu o número de medalhas (13), mas conquistou um ouro a menos (6 a 5). A vela levou um tombo maior: de 5 ouros foi para 2 títulos pan-americanos no Lago Ontário. O vôlei também caiu bem. Foi o preço de jogar sem suas equipes principais. Há quatro anos, ganhou tudo na quadra e também na areia. Desta vez, passou em branco no topo do pódio.

Por outro lado, o país ganhou em modalidades em que nunca tinha brilhado antes. Foram, por exemplo, três ouros na canoagem - dois do fenômeno Isaquias Queiroz. Há quatro anos, não ganhou nenhuma prova na modalidade.

No tênis de mesa, o país dominou o pódio masculino, vencendo por equipes e ocupando os três lugares no pódio, com ouro de Hugo Calderano, prata de Gustavo Tsuboi e bronze de Tiago Monteiro. No tiro, foram três ouros, com duas performances notáveis, de Felipe Wu e Cássio Rippel. Sem contar os três ouros do caratê e o inesperado título de Marcelo Stuartz no boliche.

A natação é um capítulo à parte. A modalidade manteve o número de ouros conquistados há quatro anos. E ainda deixou o Canadá com o maior atleta pan-americano de todos os tempos. Após as cinco medalhas em Toronto, Thiago Pereira acumula 23 pódios no total, mais do que qualquer outro atleta que disputou o evento. Brasileiro ou não.

E é possível, também, destacar uma modalidade que nem mesmo subiu ao pódio. O time masculino de hóquei era o único do país que jogava sua classificação olímpica no Canadá. Chegou até a semifinal. Foi superado e perdeu, também, na decisão do bronze, Mesmo assim, o quarto lugar valeu a vaga no Rio-2016, tão importante quanto uma medalha.

A participação feminina também foi marcante no Pan. O Brasil tinha 48% de mulheres em sua delegação. E elas foram responsáveis por 43% das medalhas verde-amarelas - a nomeação de Formiga, ouro no futebol feminino, para ser a porta-bandeira na festa de encerramento foi uma homenagem a esse número.

Internacionalmente o Pan também foi mais feminino: pela primeira vez, as mulheres representaram mais de 45% dos atletas competindo. E a maior medalhista dos Jogos também foi uma mulher, a norte-americana Laura Zeng, cinco ouros na ginástica rítmica.

Pan de Toronto termina com mega-balada

Depois de uma produção ambiciosa na cerimônia de abertura, com um show especial montado pelo Cirque du Soleil com centenas de artistas, Toronto resolveu não inventar muito na festa que fechou os Jogos. Após apresentações simples para falar do Pan, suas origens e a passagem do bastão para Lima (onde será o próximo Pan, em 2019), o que se viu uma mega-balada para 40 mil pessoas.

Os escolhidos foram a canadense Serena Ryder, nascida em Toronto, e os norte-americanos Pitbull (o mesmo que se apresentou na abertura da Copa do Mundo do Brasil) e Kanye West (apesar dos protestos que os canadenses fizeram contra sua apresentação na festa pan-americana). Os atletas, que entraram todos juntos, sem divisão por esporte, se divertiram muito mais do que na protocolar abertura.

Além disso, o público no estádio aproveitou mais: visual, a apresentação da abertura se perdia para quem não estava próximo da ação. Um show musical, mesmo para quem não conseguia ver o rosto dos atletas, consegue empolgar. Principalmente quando os cantores são donos de hits. Pitbull cantou sua famosa "Give me Everything" e colocou todos para dançar. Quando Kanye West entrou, o clima já era de show total.

* Colaborou Daniel Brito

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