Homem mais rápido do Pan começou a correr com bermudão de basquete
Bruno Doro
Do UOL, em Toronto (CAN)
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Erich Schlegel-USA TODAY Sports
Andre De Grasse venceu nos 200 metros e também foi ouro dos 100m no Pan
Andre de Grasse é o grande nome dos Jogos Pan-Americanos de Toronto. Na pista de atletismo de York, ele venceu norte-americanos e jamaicanos nas duas provas mais rápidas da modalidade, os 100m e os 200m. Tudo graças a uma corridinha despretensiosa em 2012, em que ele nem mesmo se deu ao trabalho de vestir uma roupa adequada para participar.
Naquele dia, De Grasse vestiu um bermudão de basquete e uma camiseta, emprestou um tênis de corrida e alinhou para disputar uma prova de 100m. Quando os atletas se prepararam para o tiro, ele dispensou o bloco de partida: saiu em pé, mesmo, sem se abaixar. Seu tempo de 10s90, rápido para um garoto de 17 anos, e quase ultrassônico para alguém sem equipamento ou treino específico, chamou atenção.
Tony Sharpe, atleta olímpico que virou treinador, logo o convidou para começar a treinar. Bem a tempo para salvar uma carreira esportiva que estava saindo dos trilhos. Quando aceitou disputar a prova de atletismo, De Grasse acabara de saber que o time de basquete de sua escola, do qual era uma das estrelas, iria acabar.
De Grasse abraçou a mudança, mesmo não tendo, exatamente, o corpo dos maiores velocistas do mundo. Com apenas 1,76m, ele é baixinho perto de Usain Bolt (1,95m), Asafa Powell (1,90m) e Justin Gatlin (1,95m), por exemplo. E muito menos musculoso. "Ele ainda é muito novo, ainda não o colocamos para levantar peso de verdade. O que só me deixa mais espantada com o patamar que ele ainda pode atingir", diz a técnica da University of Southern California, Caryl Smith Gilbert.
Foi para treinar com ela que o adolescente mais rápido do Canadá deixou seu país, no ano passado. A escolha não poderia ter sido melhor. Brilhou em sua primeira temporada. Foi o campeão universitário dos EUA nos 100m e 200m. Depois, no Canadá, se tornou o primeiro homem a correr os 100m abaixo dos 10 segundos em 15 anos. E o primeiro na história a contar com tempos abaixo dos 10s nos 100m e dos 20s nos 200m.
Quando o Pan começou, ninguém se espantou com toda a atenção que o garoto de 20 anos recebia. E ele correspondeu às expectativas. Chegou a correr abaixo dos 10s nas eliminatórias dos 100m, mas o tempo não foi válido por causa do vento. Mesmo assim, venceu uma prova disputadíssima, decidida na foto. Nos 200m, aconteceu a mesma coisa. "É surreal estar aqui. Nunca imaginei que fosse possível", disse o campeão. Dessa vez, sim, vestindo sapatilha e a malha colada, tradicional dos velocistas como ele.
