Goleiro do polo volta ao Brasil. Decisão foi de técnico campeão olímpico

Bruno Doro

Do UOL, em Toronto (CAN)*

  • Reprodução/Facebook

O goleiro Thyê Mattos, acusado de agressão sexual durante os Jogos Pan-Americanos de Toronto, está retornando ao Brasil. Ele estava na Rússia com a seleção brasileira de polo aquático, para o Mundial de Desportos Aquáticos de Kazam.

A decisão foi tomada pelo técnico croata Ratko Rudic, tetracampeão olímpico que assumiu o comando do time verde-amarelo após os vencer os Jogos Olímpicos de Londres com a Croácia. Conhecido pelos seus métodos rígidos de trabalho, ele considerou que a presença do atleta, abalado pelas acusações feitas pela polícia canadense, poderia afetar a performance do time.

Segundo fontes ouvidas pelo UOL Esporte, Thyê não tinha condições de participar das atividades com o restante do time desde que recebeu a notícia, na tarde de sexta-feira (24). A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) confirmou a viagem para o Brasil, mas não o itinerário ou o voo usado.

A intenção da entidade é preservar o atleta, pelo menos, até ele conversar com um advogado e entender melhor sua situação legal. O advogado da CBDA, Marcelo Franklin, fará uma análise preliminar do caso e conversará com o jogador no Rio de Janeiro, para dar orientação para os próximos passos de Thyê.

Em nota oficial, a CBDA informou que nem o atleta nem qualquer outro membro da delegação brasileira foi procurado em Toronto para prestar depoimento.

"O atleta se declara inocente, sendo certo que tanto pela nossa legislação, quanto pela lei canadense, todos são presumidos inocentes até prova em contrário. Nenhum membro da delegação da CBDA em solo canadense foi procurado para prestar depoimento, nem tampouco recebeu qualquer comunicação oficial das autoridades canadenses", afirmou a Confederação.

"O advogado da CBDA, Dr. Marcelo Franklin, está em contato com advogados de Toronto e já solicitou cópia do processo para verificar as acusações e supostas evidências. Com a vinda das informações será possível avaliar a consistência do caso e estabelecer as próximas medidas a serem tomadas".

A polícia de Toronto anunciou que o brasileiro era alvo de uma investigação de agressão sexual na sexta-feira, em uma entrevista coletiva em seu quartel-general, no centro da cidade. A foto do jogador foi mostrada para a imprensa antes mesmo que o goleiro ou representantes do Comitê Olímpico do Brasil (COB) ou CBDA fossem avisados.

Segundo Joanna Beavin-Desjardins, inspetora-chefe do escritório de crimes sexuais da polícia local, é uma prática padrão para casos do tipo, para incentivar denúncias de outros ataques. A policial afirmou que o atleta "ficou duas semanas em Toronto e podem haver outras vítimas". A reportagem apurou, porém, que a única folga dos atletas fora do ambiente oficial do COB (a Vila Pan-Americana ou a Casa Brasil, a menos de um quilômetro da Vila) foi justamente após o fim da competição.

A polícia informou que a acusação foi feita por uma moradora de Toronto de 22 anos, residente na área central da cidade e sem ligação com os Jogos Pan-Americanos. Os dois teriam se conhecido em um bar e ido para o apartamento da vítima, ao lado de duas pessoas. A outra mulher era amiga da vítima. O outro homem, um membro da delegação brasileira de polo aquático que não está sendo investigado.

A vítima teria ido para o quarto sozinha. O brasileiro entrou no cômodo. Foi nesse momento que aconteceu o ataque. Thyê admitiu a membros da CBDA que foi ao apartamento da vítima e que manteve relações sexuais, mas com consentimento da mulher. A polícia canadense informou ao UOL Esporte que essa versão pode envolver "o entendimento dele de consentimento", por isso ele segue procurado.

Com o mandado de prisão emitido, o goleiro enfrenta problemas para viajar. Ele pode ser preso em qualquer país que tenha um tratado de extradição com o Canadá. Rússia e Brasil, porém, não tem acordos desse tipo.

* Atualizada às 15h21

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