Brasil bate Argentina em revanche do handebol e reconquista a América
Antoine Morel
Do UOL, em Toronto (CAN)
Final do handebol na América é sinônimo de Brasil x Argentina. As duas seleções disputam a hegemonia da modalidade no continente. Apesar de ter vencido os Jogos Pan-Americanos de 2003 e 2007, a seleção brasileira perdeu para os argentinos a final do Pan de 2011 e do Campeonato Pan-Americano em 2012.
Neste sábado, porém, o Brasil reconquistou a hegemonia do handebol na América ao vencer os argentinos por 29 a 27 na final do Pan de Toronto - em revanche decidida apenas na prorrogação, com direito a pênalti desperdiçado no último minuto e expulsão no tempo-extra. O grande destaque brasileiro foi o goleiro Maik, que fechou a meta do início ao fim da decisão e teve atuação épica. Os outros protagonistas foram Thiagus e Hubner, com seis gols cada.
"Perdemos o pênalti no último lance e acho que poderíamos ter decidido o jogo no tempo normal. Na prorrogação, soubemos superar as adversidades e vencemos", disse o técnico Jordi Ribera na saída da quadra após a vitória.
O jogo não valia classificação olímpica, como em Guadalajara-2011, quando os argentinos levaram a melhor e tiraram os brasileiros de Londres, mas o foco da seleção era total na partida. Com as duas seleções já garantidas no Rio-2016, a final custava a medalha de ouro, a revanche e a chance dizer quem é o melhor da América.
Na semifinal, após derrotar o Chile, alguns jogadores brasileiros admitiram que estavam engasgados com os "hermanos". Na arquibancada, o clima também ficou quente com as duas torcidas bem divididas. Os argentinos colocaram mais pressão nos brasileiros. Mas dentro de quadra Maik & CIA tiraram de vez da garganta o gosto amargo do vice-campeonato do último Pan.
"Em 2007, eu fiz oito defesas no jogo e lembrei disso hoje. E sabia que tinha que estar com atenção", disse o goleiro brasileiro, que parou 22 bolas de 48, terminando a final com aproveitamento de 46%.
O jogo
Os goleiros tomaram conta do jogo no primeiro tempo. O argentino Matias Schulz defendeu mais de 50% das bolas. O brasileiro Maik, um pouco atrás, teve 41% de aproveitamento. Os brasileiros abriram 4 a 1 no começo, muito devido a dois tiros de 7 metros. Os argentinos só foram equilibrar o jogo e virar depois da metade da primeira etapa. No fim, 11 a 9 para Argentina, na maior liderança da partida até aquele momento.
O Brasil dominou o jogo a partir da metade do segundo tempo. Sempre um ponto na frente. A defesa brasileira apertou os tiros de seis metros. Enquanto na frente, Petrus e Hubner decidiam. O goleiro brasileiro também teve participação decisiva em três lances. Dois deles, cara a cara, depois de uma perdida de bola no ataque. No final, a Argentina empatou o jogo em 24 a 24 e o Brasil teve a chance de decidir o título no minuto final, em tiro livre de sete metros em que Hubner falhou.
Na prorrogação, o jogo continuou muito disputado, com a rivalidade à flor da pele. O goleiro Maik continuou fechando o gol e o Brasil se manteve à frente sempre por um ponto. A dois minutos do fim, Thiagus foi expulso, deixando o Brasil com um jogador a menos. Mas o Brasil tinha Maik, que fez mais uma grande defesa para fechar sua atuação de gala e garantir a vitória do Brasil por 29 a 27.