Vento do Pan custa recordes às mulheres mais rápidas do Brasil
Bruno Doro
Do UOL, em Toronto (CAN)
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Danilo Verpa/Folhapress
Rosângela Santos perdeu por apenas três centésimos a medalha de bronze na disputa dos 100m
Não há nada que se possa fazer contra o vento. Quando ele começa, você aceita. E tenta usá-lo da melhor maneira possível. O atletismo dos Jogos Pan-Americanos de Toronto tem sofrido com isso. E duas corredoras brasileiras foram vítimas nos últimos dois dias.
Primeiro foi Ana Cláudia Silva. Aos 26 anos, ela chegou ao Canadá como a mulher mais rápida da América do Sul. Seus 11s01 (de abril deste ano) eram o tempo mais rápido dos 100m rasos feminino da história do continente. Até que veio sua eliminatória da prova, no estádio de York.
Ana correu em 10s96. Seria a primeira brasileira a baixar da marca dos 11 segundos, um feito histórico. Mas negado pelo vento, que marca 4 metros por segundo. O limite para que uma marca seja validade é 2m/s. "O vento está forte, mas é bom para o ego", disse a brasileira.
Depois, foi a vez de Rosângela, que chegou embalada pelo ouro de Guadalajara, em 2011. Já nesta quarta-feira (22), nas semifinais da mesma prova, ela correu sua bateria em 11s01. Ela se igualaria a Ana Cláudia como recordista sul-americana. Mas, novamente, o vento apareceu: com 2,2 m/s, foi o suficiente para estragar a marca. "Não ligo para o tempo. Nem olho se não é para valer", disparou a carioca – em alusão ao feito da companheira?
Quando o vento parou a dupla disputou a final do Pan, porém, a surpresa: um mulher da América do Sul conseguiu quebrar, sim, a barreira dos 11 segundos. E o vento no momento da prova contribuiu: apenas 0,9m/s. O problema é que a autora do feito não nasceu no Brasil, mas em Lago Agro, no Equador. Ângela Tenório, vice-campeã mundial de menores, completou a prova em 10s99. É a nova vice-campeã pan-americana e recordista continental.
No masculino aconteceu o mesmo. A prova dos 100m teve quatro homens correndo abaixo dos 10 segundos: Keston Bledman, de Trinidad e Tobago, Romontay McClain e BeeJay Lee, dos EUA, e Andre de Grasse, do Canadá. Nenhuma das provas, porém, serve como recorde. A única que poderia entrar na conta foi a final, mas De Grasse venceu com 10s05. Com isso, por mais quatro anos o recorde sul-americano será de Kim Collins, de São Kitis e Neves, que em Guadalajara-2011 marcou 10s00. "São coisas que deus faz. Não dá para reclamar. A pista estava boa, a torcida maravilhosa. Uma hora essa marca sai", disse BeeJay Lee.